São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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Afastados comandantes de PMs suspeitos de matar rapaz

Para governo, eles "não têm o comando da tropa'; morte do motoboy é deplorável, diz Goldman

Secretaria da Segurança Pública vai apurar eventual omissão administrativa dos dois afastados; homicídio foi intencional, diz governador

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, afastou ontem os comandantes da área de atuação dos quatro policiais militares suspeitos de matar o motoboy Alexandre Menezes dos Santos, 25, na madrugada de sábado, na capital.
Segundo a secretaria, foram afastados o tenente-coronel Gerson Lima de Miranda, do 22º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, e o capitão Alexander Gomes Bento, da 3ª Companhia do 22º Batalhão.
O afastamento de comandantes da PM não é usual. Segundo o governo, eles foram afastados "por revelarem, neste lamentável episódio, que não têm o comando da tropa".
A Secretaria da Segurança vai apurar eventual omissão administrativa dos dois afastados. Eles não foram encontrados ontem pela reportagem.
Os quatro PMs, cujos nomes não foram divulgados, pagaram fiança de R$ 480 cada um, no 43º DP (Cidade Ademar), mas foram presos pela Corregedoria da PM, no dia do crime. Eles serão indiciados sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar).
Segundo a mãe do motoboy, Maria Aparecida de Oliveira Menezes, tudo aconteceu porque o jovem resistiu à abordagem dos policiais, que desconfiaram da moto sem placa. "Eles ficaram meia hora batendo nele e depois o enforcaram na minha frente", afirmou.
O governador Alberto Goldman (PSDB) disse ontem que a morte do motoboy é "deplorável" e "inaceitável". "Aquilo não é um homicídio culposo, é um homicídio doloso [intencional]. É de uma irresponsabilidade total, um crime cometido contra o cidadão na frente da casa dele e dos familiares."
Segundo nota divulgada pela PM, os policiais viram, durante patrulhamento na Vila Marari (zona sul) na madrugada de sábado, uma moto transitando sem placa e na contramão.
De acordo com a PM, o motoboy não obedeceu à ordem de parar e fugiu. Ele foi abordado em frente à sua casa e, após resistir, recebeu uma "gravata". Segundo a Secretaria da Segurança, como a vítima se livrou da imobilização, os PMs aplicaram o golpe novamente, e Santos perdeu os sentidos. Levado ao hospital, o rapaz morreu.
No período de um mês, esse foi o segundo caso de motoboy morto na capital paulista após ser abordado pela PM.
Na noite do dia 9 de abril, Eduardo Luís dos Santos, 30, foi detido com outras três pessoas pelos policiais que foram atender um caso de furto de bicicleta na Casa Verde (zona norte de São Paulo).
Segundo a Corregedoria da PM, os suspeitos foram levados ao batalhão, em vez de à delegacia. Por volta da meia-noite, a vítima foi encontrada caída no chão por outros policiais numa esquina e acabou morrendo.
Os nove PMs suspeitos de torturar e matar o motoboy negam o crime, mas o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Camilo, pediu desculpas à mãe dele. Ferreira Pinto disse não ter dúvidas de que a morte resultou de tortura pelos PMs.


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