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Afastados comandantes de PMs suspeitos de matar rapaz
Para governo, eles "não têm o comando da tropa'; morte do motoboy é deplorável, diz Goldman
Secretaria da Segurança Pública vai apurar eventual omissão administrativa dos dois afastados; homicídio foi intencional, diz governador
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O secretário da Segurança
Pública do Estado de São Paulo,
Antonio Ferreira Pinto, afastou
ontem os comandantes da área
de atuação dos quatro policiais
militares suspeitos de matar o
motoboy Alexandre Menezes
dos Santos, 25, na madrugada
de sábado, na capital.
Segundo a secretaria, foram
afastados o tenente-coronel
Gerson Lima de Miranda, do
22º Batalhão de Polícia Militar
Metropolitano, e o capitão Alexander Gomes Bento, da 3ª
Companhia do 22º Batalhão.
O afastamento de comandantes da PM não é usual. Segundo o governo, eles foram
afastados "por revelarem, neste
lamentável episódio, que não
têm o comando da tropa".
A Secretaria da Segurança vai
apurar eventual omissão administrativa dos dois afastados.
Eles não foram encontrados
ontem pela reportagem.
Os quatro PMs, cujos nomes
não foram divulgados, pagaram
fiança de R$ 480 cada um, no
43º DP (Cidade Ademar), mas
foram presos pela Corregedoria da PM, no dia do crime. Eles
serão indiciados sob suspeita
de homicídio culposo (sem intenção de matar).
Segundo a mãe do motoboy,
Maria Aparecida de Oliveira
Menezes, tudo aconteceu porque o jovem resistiu à abordagem dos policiais, que desconfiaram da moto sem placa.
"Eles ficaram meia hora batendo nele e depois o enforcaram
na minha frente", afirmou.
O governador Alberto Goldman (PSDB) disse ontem que a
morte do motoboy é "deplorável" e "inaceitável". "Aquilo não
é um homicídio culposo, é um
homicídio doloso [intencional].
É de uma irresponsabilidade
total, um crime cometido contra o cidadão na frente da casa
dele e dos familiares."
Segundo nota divulgada pela
PM, os policiais viram, durante
patrulhamento na Vila Marari
(zona sul) na madrugada de sábado, uma moto transitando
sem placa e na contramão.
De acordo com a PM, o motoboy não obedeceu à ordem de
parar e fugiu. Ele foi abordado
em frente à sua casa e, após resistir, recebeu uma "gravata".
Segundo a Secretaria da Segurança, como a vítima se livrou
da imobilização, os PMs aplicaram o golpe novamente, e Santos perdeu os sentidos. Levado
ao hospital, o rapaz morreu.
No período de um mês, esse
foi o segundo caso de motoboy
morto na capital paulista após
ser abordado pela PM.
Na noite do dia 9 de abril,
Eduardo Luís dos Santos, 30,
foi detido com outras três pessoas pelos policiais que foram
atender um caso de furto de bicicleta na Casa Verde (zona
norte de São Paulo).
Segundo a Corregedoria da
PM, os suspeitos foram levados
ao batalhão, em vez de à delegacia. Por volta da meia-noite, a
vítima foi encontrada caída no
chão por outros policiais numa
esquina e acabou morrendo.
Os nove PMs suspeitos de
torturar e matar o motoboy negam o crime, mas o comandante-geral da PM, coronel Álvaro
Camilo, pediu desculpas à mãe
dele. Ferreira Pinto disse não
ter dúvidas de que a morte resultou de tortura pelos PMs.
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