São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011

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Após protestos, governo desiste de metrô na Angélica

Estado tira estação da principal via de Higienópolis, bairro da elite paulistana, e cria uma no entorno do Pacaembu

Em Higienópolis, moradores dizem que "prevaleceu o bom-senso'; Associação Viva Pacaembu reclama


Rodrigo Capote/Folhapress
Cruzamento da av. Angélica com a r. Sergipe, em Higienópolis, onde seria construída estação da linha 6-laranja do metrô

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Após pressão de moradores, empresários e comerciantes de Higienópolis, bairro de alto padrão no centro da capital, o governo de São Paulo desistiu de uma estação do metrô na avenida Angélica, a principal do bairro.
A estação integraria a linha 6-laranja, que vai da Brasilândia (zona norte) ao centro, passando por bairros como Perdizes, Pompeia e Santa Cecília e universidades como Mackenzie, PUC e Faap.
Com isso, o governo reativou o projeto de uma estação na praça Charles Müller, no estádio do Pacaembu.
A proposta de instalar a estação Angélica surgiu em junho de 2010, sob o argumento de que uma pesquisa mostrava que havia demanda de passageiros no local. Já a nova configuração foi apresentada pelo Metrô em audiência pública na semana passada.
A mudança veio após protestos da Associação Defenda Higienópolis, que reuniu 3.500 assinaturas contra o plano, com campanhas na rua e no Twitter.
Os moradores alegavam que a nova estação ampliaria o fluxo de pessoas no local, com o consequente "aumento de ocorrências indesejáveis", além da transformação da área em "camelódromo".
A entidade também apontava que a região já tinha estações suficientes. "Prevaleceu o bom-senso", afirma o presidente da associação, o empresário Pedro Ivanow.
A Angélica, alega Ivanow, ficaria a três quadras da estação Mackenzie e a quase 2 km da PUC-Cardoso de Almeida.
Segundo ele, em reunião na última semana de abril, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, concordou com o argumento. "Ele me disse que era totalmente favorável à exclusão da Angélica", diz.

PACAEMBU
A reviravolta irritou a Associação Viva Pacaembu. "Se o governo desistiu por pressão, sem considerar a análise prévia de demanda, acho pernicioso", diz a presidente, Iênidis Benfati.
Para ela, o principal problema da estação Pacaembu será em dias de jogos. Hoje, diz, as torcidas são pulverizadas pelas estações Sumaré, Clínicas, Marechal Deodoro e Barra Funda. "Até a PM não recomenda centralizar a torcida em uma estação."
Não foi a primeira vez que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) desistiu de uma estação após protesto. Em 2005, ele abandonou a ideia de construir a estação Três Poderes, da linha 4-amarela, na região do Morumbi, depois de pressão de moradores.

Colaboraram ELEA ALMEIDA, JOSÉ PETROLA e PATRÍCIA BRITTO


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