São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2001

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ENERGIA

Panes em subestação deixam sem luz Santa Cecília, Higienópolis, Campos Elíseos, Pacaembu, Anhangabaú e região

Falha causa dois apagões no centro de SP

Frâncio de Hollanda/Folha Imagem
Alameda Barão de Limeira, no bairro de Campos Elíseos, por volta de 20h, durante a falta de energia


ALESSANDRO SILVA
GABRIELA ATHIAS


DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo viveu ontem seu primeiro ensaio de apagão, durante 31 minutos, por causa de um defeito em uma das subestações que distribui energia na área central. Cinco horas antes, faltou luz no mesmo local por nove minutos.
O blecaute atingiu parte do centro bem no horário de pico de consumo no dia, entre 19h33 e 20h04, segundo a Eletropaulo, concessionária que cuida do abastecimento na cidade.
A subestação, que teve problemas em peças no sistema de cabos e transmissão por duas vezes, atende os bairros de Santa Cecília, Higienópolis, Campos Elíseos, Pacaembu, Anhangabaú e entorno, energia suficiente para abastecer uma cidade com aproximadamente 100 mil habitantes.
Os semáforos das principais vias do centro pararam de funcionar, deixando o trânsito -que é mais tranquilo no domingo à noite- complicado. Em um mesmo momento, as avenidas São João, Angélica, Paulista e a rua da Consolação ficaram com os cruzamentos fora de controle.
Não houve acidentes, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que precisou mobilizar equipes de manutenção para religar semáforos ""apagados" após o fim do blecaute.

Consequências
O comando da Polícia Militar na área central chegou a preparar os 180 homens do ""pelotão do apagão" para ir às ruas do centro como medida preventiva, mas a operação foi cancelada tão logo a luz voltou. Desde o final do mês passado, a PM está reforçando o policiamento noturno com receio de a violência aumentar com a redução dos postes de iluminação acesos em razão do racionamento de energia.
Até o atendimento na Santa Casa, um dos principais hospitais da cidade, foi afetado pela falta de energia (leia texto nesta página).
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou o final de semana em São Paulo e mora em Higienópolis, um dos bairros atingidos, escapou por pouco do blecaute. Ele voltou a Brasília três horas antes do apagão.
Mas ele estava na capital paulista no momento em que houve a primeira interrupção de energia, por volta das 14h40.
Em 12 dias, a região central acabou no escuro três vezes. Em 30 de maio, também à noite, ficou sem luz por cerca de 25 minutos.
A falta de energia ontem e em maio, segundo a Eletropaulo, ocorreu por motivos diferentes e não tem relação com a atual crise energética no país.
A falha na subestação do centro ocorreu em uma das ""rodovias" -cabos de alta tensão- que traz energia das usinas hidrelétricas para a Eletropaulo, responsável pelo abastecimento doméstico.
Uma peça, que seria comparável à ponte dessa rodovia imaginária, apresentou defeito, segundo Celso Cerchiari, 49, diretor de operações da EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica S.A.), estatal responsável por levar a produção das unidades geradoras às cidades.
"Foi uma operação de transferência, sem relação com o racionamento. Tivemos de fazer uma remanejamento de barramentos [as rodovias], por isso a queda de energia", afirmou ele.
A empresa irá avaliar a operação para verificar o que houve.
No apagão ocorrido em maio, de acordo com ele, houve uma operação semelhante, mas programada. A Eletropaulo, no entanto, disse ter havido falha humana naquele dia ao religar o sistema, por isso o blecaute.
Ontem, a energia voltou mais rápido em alguns bairros por causa de uma operação da Eletropaulo, que desviou cargas de outras subestações para o centro.



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