São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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SAÚDE / NUTROLOGIA

Intolerância a morango e uva aumenta com aditivos

No Brasil, o leite e o glúten ainda são os alimentos que causam mais reações adversas

Pesquisa feita com 20 mil pessoas na Espanha aponta as frutas como as vilãs da alimentação, perdendo apenas para os aditivos


FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O leite e o glúten, tradicionalmente conhecidos como alimentos que lideram as causas de intolerância alimentar, podem estar perdendo a liderança para os aditivos, corantes e frutas. Isso porque exames realizados em 20 mil espanhóis apontou que frutas -especialmente o morango e a uva- estão acima do leite no ranking de intolerância alimentar.
Segundo o estudo, isso acontece porque os aditivos e corantes são cada vez mais usados na alimentação e essas frutas possuem substâncias químicas que por si só podem desencadear reações adversas.
Segundo os especialistas ouvidos pela Folha, no Brasil o leite e o glúten ainda são os campeões de casos de intolerância alimentar -que constantemente é confundida com alergia alimentar.
No caso da intolerância, a pessoa não tem uma enzima que é responsável pela digestão do alimento no organismo e, por isso, sente mal-estar, dores abdominais e dores de cabeça -o que torna a doença crônica.
"Os macronutrientes do alimento não são quebrados e, por isso, o organismo reage", explicou o nutrólogo Edison Credídio, diretor da Associação Brasileira de Nutrologia.
Já nos casos de alergia alimentar, o corpo reage imediatamente após a ingestão do alimento porque existem mecanismos imunológicos envolvidos, tornando a doença aguda.
"Sintomas como urticária, coceira e vômito podem aparecer rapidamente", disse o imunologista e alergista Fábio Morato Castro, professor associado do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Atualmente, o diagnóstico da intolerância alimentar depende uma boa análise da história clínica do paciente. Quando o médico suspeita de algum alimento, ele o suspende da dieta do paciente para que seja feito um rastreamento. "Isso pode demorar muito tempo, mas funciona", disse Credídio.
Diante dessa dificuldade, alguns médicos passaram a adotar exames de sangue que seriam capazes de apontar com cerca de 80% de eficácia quais são os alimentos que causam intolerância nas pessoas. Ainda há muita controvérsia sobre a eficácia desses testes.
Um deles, chamado citotoxi teste, é italiano e está disponível no Brasil desde novembro do ano passado. Custa cerca de R$ 700. O outro -Alcat - é espanhol e foi lançado no país no final do mês passado e custa, em média, R$ 1.500.
Os dois partem do mesmo princípio: coletam sangue do paciente e, em análise laboratorial, colocam as células sangüíneas em contato com a lista de alimentos e aditivos para analisar se há alguma reação.
"A gente avalia se há alguma alteração de toxidade na célula. São 51 alimentos e 21 conservantes testados", disse o gastroenterologista Irineu Pantoja Júnior, que utiliza o citotoxi teste em seus pacientes.
Já o Alcat, que pesquisou os 20 mil pacientes e tem registro no FDA (agência americana reguladora de fármacos e alimentos), analisa a resposta de 100 alimentos e 20 corantes e conservantes de uso mais freqüente. "Quando há intolerância, as células se deformam", afirmou Juan Carlos Serrat, presidente do Centro Imunológico da Catalunha, na Espanha.


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