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SAÚDE / NUTROLOGIA
Intolerância a morango e uva aumenta com aditivos
No Brasil, o leite e o glúten ainda são os alimentos que causam mais reações adversas
Pesquisa feita com 20 mil pessoas na Espanha aponta as frutas como as vilãs da alimentação, perdendo apenas para os aditivos
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O leite e o glúten, tradicionalmente conhecidos como alimentos que lideram as causas
de intolerância alimentar, podem estar perdendo a liderança
para os aditivos, corantes e frutas. Isso porque exames realizados em 20 mil espanhóis
apontou que frutas -especialmente o morango e a uva- estão acima do leite no ranking de
intolerância alimentar.
Segundo o estudo, isso acontece porque os aditivos e corantes são cada vez mais usados na
alimentação e essas frutas possuem substâncias químicas que
por si só podem desencadear
reações adversas.
Segundo os especialistas ouvidos pela Folha, no Brasil o
leite e o glúten ainda são os
campeões de casos de intolerância alimentar -que constantemente é confundida com
alergia alimentar.
No caso da intolerância, a
pessoa não tem uma enzima
que é responsável pela digestão
do alimento no organismo e,
por isso, sente mal-estar, dores
abdominais e dores de cabeça
-o que torna a doença crônica.
"Os macronutrientes do alimento não são quebrados e,
por isso, o organismo reage",
explicou o nutrólogo Edison
Credídio, diretor da Associação
Brasileira de Nutrologia.
Já nos casos de alergia alimentar, o corpo reage imediatamente após a ingestão do alimento porque existem mecanismos imunológicos envolvidos, tornando a doença aguda.
"Sintomas como urticária,
coceira e vômito podem aparecer rapidamente", disse o imunologista e alergista Fábio Morato Castro, professor associado do Serviço de Imunologia
Clínica e Alergia do Hospital
das Clínicas de São Paulo.
Atualmente, o diagnóstico da
intolerância alimentar depende uma boa análise da história
clínica do paciente. Quando o
médico suspeita de algum alimento, ele o suspende da dieta
do paciente para que seja feito
um rastreamento. "Isso pode
demorar muito tempo, mas
funciona", disse Credídio.
Diante dessa dificuldade, alguns médicos passaram a adotar exames de sangue que seriam capazes de apontar com
cerca de 80% de eficácia quais
são os alimentos que causam
intolerância nas pessoas. Ainda
há muita controvérsia sobre a
eficácia desses testes.
Um deles, chamado citotoxi
teste, é italiano e está disponível no Brasil desde novembro
do ano passado. Custa cerca de
R$ 700. O outro -Alcat - é espanhol e foi lançado no país no
final do mês passado e custa,
em média, R$ 1.500.
Os dois partem do mesmo
princípio: coletam sangue do
paciente e, em análise laboratorial, colocam as células sangüíneas em contato com a lista
de alimentos e aditivos para
analisar se há alguma reação.
"A gente avalia se há alguma
alteração de toxidade na célula.
São 51 alimentos e 21 conservantes testados", disse o gastroenterologista Irineu Pantoja Júnior, que utiliza o citotoxi
teste em seus pacientes.
Já o Alcat, que pesquisou os
20 mil pacientes e tem registro
no FDA (agência americana reguladora de fármacos e alimentos), analisa a resposta de 100
alimentos e 20 corantes e conservantes de uso mais freqüente. "Quando há intolerância, as
células se deformam", afirmou
Juan Carlos Serrat, presidente
do Centro Imunológico da Catalunha, na Espanha.
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