São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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JOÃO ASSIS MEIRA FILHO (1922-2008)

Brasília tinha uma voz que a viu nascer

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A voz que cravou a inauguração da moderna Brasília no imaginário dos brasileiros -ao menos os que acreditavam no país do futuro de Juscelino Kubitschek, em 1960 -, era de seu locutor oficial, João Assis Meira Filho; homem decidido, que deixou Taperoá (PB) para fazer a América no Cerrado.
Da infância sofrida falava pouco, tampouco dos tempos de curso de jornalismo no Rio. Sua história começava ao chegar no que hoje é Brasília, em 1958, e conquistar espaço fiel no espectro nacional do rádio, na Rádio Nacional AM que ajudara a fundar. Era sua a voz sintonizada nas manhãs secas da nova capital desde 1959 -15 anos de "serviços sociais" no "Programa do Meira"; mais de 30 na emissora onde foi locutor de "A Voz do Brasil".
"Foi como radialista que foi eleito senador", diz o enteado -e o primeiro senador do Distrito Federal, em 1987. Não teve outro cargo político, nem antes nem depois. Só o rádio, ao qual pretendia voltar um dia. Não voltou.
Contentava-se com o conserto delicado dos seis rádios à pilha que colecionava; o modelo antigo de mesa que ascendia quando ligava; e as horas gastas com programas de notícias. Não gostava de televisão. "Até hoje não apareceu nada que tenha suplantado o rádio", disse.
Morreu domingo de aneurisma cerebral, aos 85. Deixou cinco filhos, 12 netos, dois bisnetos e pedaços de papel onde anotava "pensamentos e inspirações" -alguns, diz o enteado, "a gente ainda vê sobre a mesa".


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