|
Texto Anterior | Índice
JOÃO ASSIS MEIRA FILHO (1922-2008)
Brasília tinha uma voz que a viu nascer
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A voz que cravou a inauguração da moderna Brasília no
imaginário dos brasileiros
-ao menos os que acreditavam no país do futuro de Juscelino Kubitschek, em 1960
-, era de seu locutor oficial,
João Assis Meira Filho; homem decidido, que deixou
Taperoá (PB) para fazer a
América no Cerrado.
Da infância sofrida falava
pouco, tampouco dos tempos de curso de jornalismo
no Rio. Sua história começava ao chegar no que hoje é
Brasília, em 1958, e conquistar espaço fiel no espectro
nacional do rádio, na Rádio
Nacional AM que ajudara a
fundar. Era sua a voz sintonizada nas manhãs secas da
nova capital desde 1959 -15
anos de "serviços sociais" no
"Programa do Meira"; mais
de 30 na emissora onde foi
locutor de "A Voz do Brasil".
"Foi como radialista que
foi eleito senador", diz o enteado -e o primeiro senador
do Distrito Federal, em 1987.
Não teve outro cargo político, nem antes nem depois. Só
o rádio, ao qual pretendia
voltar um dia. Não voltou.
Contentava-se com o conserto delicado dos seis rádios
à pilha que colecionava; o
modelo antigo de mesa que
ascendia quando ligava; e as
horas gastas com programas
de notícias. Não gostava de
televisão. "Até hoje não apareceu nada que tenha suplantado o rádio", disse.
Morreu domingo de aneurisma cerebral, aos 85. Deixou cinco filhos, 12 netos,
dois bisnetos e pedaços de
papel onde anotava "pensamentos e inspirações" -alguns, diz o enteado, "a gente
ainda vê sobre a mesa".
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Índice
|