DA ENVIADA A PINHEIRO
DE SÃO PAULO

Algemado e com a cabeça raspada, o lavrador José Agostinho Bispo Pereira, 54, disse ontem à Folha, na delegacia em Pinheiro, que manteve relações sexuais com a filha Sandra Maria Monteiro, 29. "Ela deitou comigo na rede, o erro é humano, todo mundo erra. Eu mandava ela ir embora, mas ela não ia."
Das sete crianças, ele diz que três podem ser seus filhos. "O resto não é meu. Ela quer me condenar a mais do que está aí", disse.
O lavrador, porém, mudou as versões sobre paternidade ao longo do dia -à polícia disse que seis crianças eram seus filhos.
Pereira negou a acusação de crimes de violência sexual contra as duas meninas, filhas de Sandra. "Das menores não fui eu. Já dei mais de quatro entrevistas e digo, não fui eu", disse.
O lavrador diz que quer um advogado para defendê-lo, porque teme ser condenado. Diz que quer cumprir a sentença "na cidade". "Aqui eu tenho gente conhecida."
Também negou que batia na filha e que a mantinha em cárcere privado.
Durante a entrevista na delegacia de Pinheiro, outra filha de José Agosto Bispo Pereira, Maria Sandra Monteiro, 31, prestou depoimento acusando o lavrador de violência sexual e de ser o pai de um filho de 17 anos.
Os dois chegaram a se encontrar no corredor da delegacia, mas só se olharam. "Não é meu, eu quero que ela diga na minha frente", disse o lavrador sobre a acusação.
À reportagem Maria Sandra Monteiro afirmou que foi violentada na adolescência. Depois que a criança nasceu, o lavrador a pegou para criar. "Ele me ameaçou e eu fugi".
Maria diz que sabia da violência que a irmã sofria e que está descontente com a prisão do pai. Para ela, Sandra devia ter fugido. "Eu não queria ver ele nessa situação, os dois erraram." (KÁTIA BRASIL e GIULIANA MIRANDA)


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