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Minhocão ganhará pintura antigrafite
Na reforma, pilares do elevado serão cobertos por tinta que torna fácil a remoção de pichações e desenhos
Pacote, hoje estimado em R$ 1,32 milhão, prevê também obras para evitar enchentes na pista do elevado
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO
Obra viária mais polêmica
do centro de São Paulo, o Minhocão vai ganhar um banho
de água, outro de tinta e deverá alimentar uma nova
controvérsia, desta vez com
pichadores e grafiteiros.
A prefeitura conclui uma
licitação que prevê a limpeza
dos 92 pilares da via, quase
todos ocupados por pichações e grafites.
Em seguida, esses mesmos
pilares receberão tinta antipichação, que permite a retirada fácil das pinturas apenas com o uso de água e sabão. A cor que será utilizada
ainda não foi definida.
A ação integra um pacote
de intervenções que inclui
eliminar infiltrações, recuperar trechos enferrujados e desentupir ramais para escoamento da água da chuva. O
custo estimado da obra é de
R$ 1,32 milhão.
Em maio, a prefeitura
anunciou um projeto que pode culminar na demolição da
via, mas isso deverá demorar
pelo menos 10 anos para
acontecer.
ARTE DE RUA
Segundo a prefeitura, o
projeto não prevê negociação com grafiteiros para intervenções artísticas no elevado, mas diz que, "a pedido
da comunidade que faz grafitagem, não serão pintados os
pilares situados nas proximidades das ruas Marquês de
Itu e General Jardim". O trecho, no entanto, é de apenas
uma quadra.
Para Cleo Kesslan, criadora do blog Museu do Minhocão, que registra todos os
grafites do elevado, a estratégia antipichação pode ser positiva se o elevado se transformar numa constante tela
em branco.
"É da natureza do grafite
sumir rápido, pois vive exposto às intempéries. Acho a
ideia sedutora. Cada vez que
o grafite for lavado, aparecerão outros novos."
O artista Gen Duarte, que
levou quatro dias para pintar
um painel próximo à alameda Glete, tem posição diferente. "Podia sim apagar tudo e chamar uma curadoria,
que chamasse vários artistas
a fazer uma composição de
grafites mais harmônica."
Ações semelhantes de limpeza já causaram polêmica.
Para o arquiteto e urbanista César Bergström, professor
aposentado da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da
USP, o pacote de obras "parece pouco".
"São necessárias obras
mais arrojadas para resolver
problemas que são mais urgentes, como o barulho e a
poluição impostos aos moradores do entorno", afirmou.
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