São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Minhocão ganhará pintura antigrafite

Na reforma, pilares do elevado serão cobertos por tinta que torna fácil a remoção de pichações e desenhos

Pacote, hoje estimado em R$ 1,32 milhão, prevê também obras para evitar enchentes na pista do elevado

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO

Obra viária mais polêmica do centro de São Paulo, o Minhocão vai ganhar um banho de água, outro de tinta e deverá alimentar uma nova controvérsia, desta vez com pichadores e grafiteiros.
A prefeitura conclui uma licitação que prevê a limpeza dos 92 pilares da via, quase todos ocupados por pichações e grafites.
Em seguida, esses mesmos pilares receberão tinta antipichação, que permite a retirada fácil das pinturas apenas com o uso de água e sabão. A cor que será utilizada ainda não foi definida.
A ação integra um pacote de intervenções que inclui eliminar infiltrações, recuperar trechos enferrujados e desentupir ramais para escoamento da água da chuva. O custo estimado da obra é de R$ 1,32 milhão.
Em maio, a prefeitura anunciou um projeto que pode culminar na demolição da via, mas isso deverá demorar pelo menos 10 anos para acontecer.

ARTE DE RUA
Segundo a prefeitura, o projeto não prevê negociação com grafiteiros para intervenções artísticas no elevado, mas diz que, "a pedido da comunidade que faz grafitagem, não serão pintados os pilares situados nas proximidades das ruas Marquês de Itu e General Jardim". O trecho, no entanto, é de apenas uma quadra.
Para Cleo Kesslan, criadora do blog Museu do Minhocão, que registra todos os grafites do elevado, a estratégia antipichação pode ser positiva se o elevado se transformar numa constante tela em branco.
"É da natureza do grafite sumir rápido, pois vive exposto às intempéries. Acho a ideia sedutora. Cada vez que o grafite for lavado, aparecerão outros novos."
O artista Gen Duarte, que levou quatro dias para pintar um painel próximo à alameda Glete, tem posição diferente. "Podia sim apagar tudo e chamar uma curadoria, que chamasse vários artistas a fazer uma composição de grafites mais harmônica."
Ações semelhantes de limpeza já causaram polêmica.
Para o arquiteto e urbanista César Bergström, professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, o pacote de obras "parece pouco".
"São necessárias obras mais arrojadas para resolver problemas que são mais urgentes, como o barulho e a poluição impostos aos moradores do entorno", afirmou.


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