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DEPOIMENTO
Pior violência é o sofrimento psicológico, diz Vívian, 46
DE SÃO PAULO
Minha história é de superação. Sou Vívian [nome fictício], tenho 46 anos. Dos 8 aos
15 sofri abuso sexual do marido da minha irmã mais velha. Quando criança, não sabia que aquilo era errado
-sabia só que não gostava.
Nas horas vagas ele me ensinava biologia, era um médico pediatra conceituado,
tratava a todos muito bem.
Um dia a investida dele foi
mais séria e eu parei de frequentar a casa da minha irmã. Inventava desculpas.
Aos 18 fui estuprada por
três homens que invadiram
uma casa de praia onde eu
estava com amigos, em Ubatuba (SP). Essa violência foi
denunciada, investigada e os
criminosos foram presos.
Um ano depois do estupro,
eu me senti segura para relatar aos meus pais a violência
que sofri na infância.
Eles não acreditaram.
Queriam saber por que eu havia demorado tanto para falar. Fui desacreditada.
Pude comparar muito de
perto, vivi e senti na pele a
reação da família diante da
violência cometida por estranhos e diante da violência
praticada dentro de casa.
Era como se eu estivesse
estragando a família. Pior
que a violência sexual foi o
sofrimento psicológico.
É importante ter denúncias para vencermos o complexo do silêncio. Não adianta ficar só indignado. Tem
que repensar a questão, dar
continuidade ao atendimento da vítima e do agressor.
Não adianta só apontar o erro. Temos que saber o que fazer para melhorar, evoluir e
se aperfeiçoar.
(EO)
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