São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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DEPOIMENTO

Pior violência é o sofrimento psicológico, diz Vívian, 46

DE SÃO PAULO

Minha história é de superação. Sou Vívian [nome fictício], tenho 46 anos. Dos 8 aos 15 sofri abuso sexual do marido da minha irmã mais velha. Quando criança, não sabia que aquilo era errado -sabia só que não gostava.
Nas horas vagas ele me ensinava biologia, era um médico pediatra conceituado, tratava a todos muito bem.
Um dia a investida dele foi mais séria e eu parei de frequentar a casa da minha irmã. Inventava desculpas.
Aos 18 fui estuprada por três homens que invadiram uma casa de praia onde eu estava com amigos, em Ubatuba (SP). Essa violência foi denunciada, investigada e os criminosos foram presos.
Um ano depois do estupro, eu me senti segura para relatar aos meus pais a violência que sofri na infância.
Eles não acreditaram. Queriam saber por que eu havia demorado tanto para falar. Fui desacreditada.
Pude comparar muito de perto, vivi e senti na pele a reação da família diante da violência cometida por estranhos e diante da violência praticada dentro de casa.
Era como se eu estivesse estragando a família. Pior que a violência sexual foi o sofrimento psicológico.
É importante ter denúncias para vencermos o complexo do silêncio. Não adianta ficar só indignado. Tem que repensar a questão, dar continuidade ao atendimento da vítima e do agressor. Não adianta só apontar o erro. Temos que saber o que fazer para melhorar, evoluir e se aperfeiçoar. (EO)


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