São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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Posto de saúde faz festa junina no horário de trabalho

Festa teve trajes típicos, quadrilha e comida vendida por funcionários; usuários reclamam do atendimento

"Como podem oferecer serviço médico durante uma festa?", questiona paciente; Secretaria da Saúde vai investigar


ADRIANA FERRAZ
DO "AGORA"

O cartaz na porta convidava os moradores a entrar. Foi dia de festa junina ontem na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim São Francisco, em Cangaíba (zona leste de São Paulo), com direito a milho, bolo e até quentão.
A música e o traje dos funcionários do posto municipal também eram típicos. Só o horário destoava do clima: o evento ocorreu em pleno expediente, ao lado de crianças fazendo inalação.
As consultas não foram suspensas, mas, segundo usuários do posto, o ritmo do atendimento caiu.
Às 15h30, o clínico-geral Nébio Jordão trocou o jaleco branco pelo terno caipira e, alguns minutos depois, deixou o consultório da unidade para beber uma cerveja na quitanda vizinha.
Ele justificou a atitude afirmando que não tinha mais pacientes marcados para ontem -a UBS fecha às 19h.
A Secretaria da Saúde diz que vai investigar o evento.

AGENDA LOTADA
A agenda do posto, no entanto, está lotada pelos próximos três meses. Ontem, a dona de casa Maria Cristina Meirelles, 29 anos, conseguiu marcar uma consulta com o clínico-geral apenas para o dia 26 de agosto.
A metalúrgica Edileuza Leite Mota, 35, que ontem foi atendida pela equipe da unidade, ficou descontente com a realização da festa junina.
"Como podem oferecer um serviço médico durante uma festa? Acho que deveriam ter deixado para fazer isso depois do fechamento ou mesmo no sábado", disse.
Quem não reclamou foram as crianças do bairro, que puderam jogar bola no pátio da unidade e comer cachorro-quente e pipoca, ao preço único de R$ 0,50. Os próprios funcionários se revezavam no caixa.

QUADRILHA
No último mês, pelo menos uma vez por semana, sempre às 14h30, houve ensaio para a quadrilha.
De acordo com pacientes, os preparativos da festa de ontem também prejudicaram alguns serviços, como a marcação de retornos.
"Quando isso acontecia, ninguém conseguia marcar uma consulta. Chegaram a falar para eu voltar depois porque estavam dançando", afirmou a doméstica Sônia Pereira, 46.


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