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TRAGÉDIA
Familiares criam entidade que reúne parentes de vítimas de acidentes aéreos e exigem apresentação de laudo
Viúvas do vôo 402 organizam associação
MAURICIO STYCER
da Reportagem Local
Acaba de nascer em São Paulo
uma entidade que pretende fazer
muito barulho: a Associação Brasileira dos Parentes e Amigos das
Vítimas de Acidentes Aéreos.
Ela foi fundada na última quinta
por um grupo de pouco mais de 20
mulheres, que se referem a elas
mesmas como "as viúvas do vôo
402" ou "as viúvas da TAM".
Elas não se conformam com a
demora na divulgação do laudo
que deverá trazer as causas do acidente que, no último dia 31 de outubro, causou a morte de 99 pessoas, entre elas os seus maridos,
muitos deles executivos de multinacionais e de bancos.
Estão indignadas com muitas
das empresas onde eles trabalhavam, por julgarem que mereciam
uma assistência maior do que a recebida. Estão irritadas com muitas
das escolas que se recusaram a dar
bolsas de estudos a seus filhos.
Entre essas viúvas, há muitas
mulheres que não trabalhavam, tinham um padrão de vida de classe
média ou classe média alta e, de repente, ficaram sem a principal
fonte de renda da família.
Pretendem, como diz a presidente da associação, Sandra Signorelli
Assali, 41, fazer "pressão inteligente" junto das instâncias que
podem ajudar a minorar as dificuldades pelas quais estão passando.
A prioridade zero da entidade é
conseguir a divulgação, pela Aeronáutica, do laudo com as causas do
acidente. "A vida de nenhuma
viúva está andando. Não há advogado que comece alguma ação sem
o laudo", diz Sandra Assali, dona-de-casa e mãe de dois filhos.
Justiça
Em nome de algumas viúvas, o
advogado Renato Guimarães Jr.
entrou, na semana passada, com
um mandado de segurança na Justiça Federal de São Paulo, pedindo
que o Ministério da Aeronáutica
apresente o laudo em juízo.
Sem esse laudo, não se sabe de
quem foi a culpa pelo acidente -e,
assim, o escritório de advocacia
norte-americano Speiser, Krause,
Madole & Lear, que diz representar 26 famílias, não pode dar início
à milionária ação indenizatória
que planeja nos Estados Unidos.
No próximo domingo, a associação volta a se reunir para votar o
estatuto da entidade. Familiares de
dois terços das vítimas do acidente
já foram contatados.
A idéia da associação é contatar
os demais e agregar familiares de
vítimas de outros acidentes aéreos.
"Se criássemos a Associação das
Viúvas do Vôo 402, nossa ação ia
ser muito restrita", diz a bailarina
Heloisa Gouveia, 40, vice-presidente da associação.
"Queremos ir pelo caminho da
diplomacia, mas, se for preciso,
vamos gritar", avisa Heloisa.
Informações sobre a associação podem ser obtidas no tel. (011) 578-3448
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