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"Pais devem tentar negociar com os filhos"
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
A psiquiatra Maria Elizabeth
Pascual do Valle, 51, trabalha com
terapia de família há 12 anos e tem
três filhos, de 23, 24 e 27 anos. É
contra a palmada educativa e
nunca precisou bater neles.
Entre os dias 21 e 24 de julho ela
presidirá o 6º Congresso Brasileiro de Terapia Familiar, em Florianópolis, organizado pela Abratef
(Associação Brasileira de Terapia
Familiar). Para ela, os pais devem
ensinar os filhos a negociar, ser
firmes e não permitir que o filho
queira mandar mais que os pais.
Folha - Bater nos filhos é uma maneira de educar?
Maria Elizabeth Pascual do Valle -
A necessidade de botar limites é
fundamental, mas ter de bater para educar não é. Muitas vezes você
tem de segurar firmemente.
Folha - A sra. tem filhos. Já precisou bater neles?
Valle - Já tive de pegar com força.
Bater é contra os meus princípios.
Mas já vi pessoas tendo de dar
uma palmadinha, sem dano
maior.
Folha - Então uma palmadinha é
permitida?
Valle - Não. Tem de se colocar limites, muitas vezes tem de segurar o filho, mas não ser violento,
porque violência gera violência.
Folha - Quais seriam os limites razoáveis de um castigo corporal?
Valle - Sou contra castigo corporal. É preciso ensinar os filhos a
negociar, ser firme e não permitir
que o filho comece a dar pontapés
ou a querer mandar mais que os
pais. Uma das coisas fundamentais numa relação familiar é a estrutura. A gente vê muitas vezes
filhos comandando pais. Isso não
pode acontecer. Acho que o pai
pode segurar o filho, pois é natural que a criança tenha acessos de
raiva.
Folha - O que os pais devem considerar antes de bater?
Valle - Quando um pai bate no
filho é porque ele está com muita
raiva. Não consegue ponderar
muito. Quando ele consegue ponderar e pensar, vê alternativas.
Folha - Muitos batem e depois se
sentem culpados.
Valle - Daí é pior, porque a
criança não entende que aquilo
que ela fez é errado.
Folha - Ameaçar funciona?
Valle - Se você ficar prometendo
que vai bater e não bate, não dá.
Perde a credibilidade. É melhor
negociar com algo que ele queira.
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