São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"As empresas aéreas fazem o que querem"

Para a economista Lucia Salgado, do Ipea, companhias atuam "totalmente desreguladas" e Anac não cumpre seu papel

De acordo com ela, a falta de punição para as empresas pode ser um sinal de que o apagão dos aeroportos está longe de acabar

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

O valor "insignificante" das multas colabora para que as companhias aéreas não se sintam forçadas a mudar condutas que auxiliam no agravamento do caos aéreo. A análise é da economista Lucia Helena Salgado, pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
"Essa quantia mínima deixa evidente que as empresas aéreas fazem o que querem e estão trabalhando totalmente desreguladas, já que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não está cumprindo seu papel", avalia.
Para a economista, a falta de punição adequada para as empresas que desrespeitam os passageiros pode ser um sinal de que o apagão dos aeroportos está longe de acabar. "A crise tem soluções demoradas, mas há coisas que poderiam ser resolvidas a curto prazo, como multar com rigor as companhias infratoras, e nem isso está acontecendo", diz ela.
A pesquisadora aponta medidas como ampliação de frota, com aviões reserva, para minimizar os atrasos por parte das companhias. "Mas, sem punição, as soluções são adiadas, enquanto o passageiro sofre nos aeroportos."
Para Alessandro Oliveira, economista-chefe do Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), "essas multas, em comparação com a lucratividade das companhias, não sinalizam nada".
Ele argumenta, contudo, que as empresas aéreas não podem ser as únicas responsabilizadas. "Elas lidam mal com a crise, atendem mal os clientes prejudicados, mas o problema é muito maior. Falar em multa é até errado. Não dá para as companhias pagarem sozinhas o pato", avalia o economista.
Para Oliveira, deveria ser tomado como prioridade o desafogamento de vôos do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, transferindo vôos para outros lugares. "O passageiro poderia ter mais opções para voar a partir do aeroporto de Viracopos [em Campinas], sendo recompensado com uma passagem mais barata."


Texto Anterior: Há 50 anos: Malenkov é transferido para Ásia
Próximo Texto: [+]Câmara: CPI do apagão aprova pedido de informação sobre o "passe livre"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.