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Rodízio em SP volta amanhã, com multa
Kassab queria manter suspensão até sexta; prefeitura sustentava haver menos carros na cidade em julho, mês de férias
Altos índices de lentidão
registrados desde a semana
passada fizeram o prefeito
mudar de idéia e antecipar a
volta do rodízio na capital
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O rodízio municipal de veículos em São Paulo volta a vigorar
amanhã, após dez dias de suspensão, já com aplicação de
multas. A decisão foi anunciada
ontem à noite pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM).
A previsão era que o rodízio
ficasse suspenso, em caráter
experimental, até sexta-feira e
só voltasse a vigorar na segunda. O teste foi pedido por Kassab, que, ao contrário do que
apontavam as simulações da
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), tinha a intenção de suspender o rodízio
sempre no mês de julho.
Porém, os grandes congestionamentos da semana passada
-a sexta-feira teve o maior
trânsito dos últimos 14 meses-
levaram Kassab a admitir a volta do rodízio antes do previsto.
Mesmo assim, o prefeito ainda insistiu em manter o teste
até hoje. Ontem, novamente, a
lentidão superou a média. Foi
maior, inclusive, que os congestionamentos da terça-feira da
semana passada, quando o rodízio já estava suspenso.
A insistência de Kassab o colocou em confronto direto com
técnicos da CET, que queriam o
fim imediato da experiência.
Ontem, o prefeito cedeu. Porém, a decisão foi de retomar o
rodízio amanhã porque a prefeitura avaliou que seria arriscado para a imagem do governo
voltar a cobrar multas hoje sem
uma divulgação adequada, já
que o anúncio só foi feito no início da noite.
"O resultado se mostrou extremamente importante para a
gestão do trânsito. Hoje, temos
a convicção da importância do
rodízio na cidade de São Paulo.
As dúvidas estão dirimidas por
conta desse período que foi
analisado, em caráter experimental", disse Kassab.
Com a decisão, na quinta ficam proibidos de circular veículos de placas com finais 7 e 8.
A restrição vale das 7h às 10h e
das 17h às 20h.
O argumento usado pela prefeitura para adotar a suspensão
foi que, neste mês, por causa
das férias escolares, muitos
carros deixam a cidade.
O vereador Chico Macena
(PT), que presidiu a CET na
gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), disse que o resultado da experiência já era esperado. "A CET já tinha estudos sobre isso, tinha a série histórica.
Todo mundo já está acostumado com o rodízio, mas ninguém
se acostuma com 150 km de
congestionamento."
O também vereador Ricardo
Teixeira (PSDB), ex-gerente de
Operações da CET e ex-diretor
de Operações do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), defendeu a experiência
de Kassab, mas concordou que
o resultado foi ruim.
"Foi um teste que mostrou
que precisamos de medidas urgentes no trânsito, senão vamos ficar parados", afirmou.
Luiz Célio Bottura, consultor
em engenharia urbana, defendeu o teste, mas criticou a forma com que ele foi adotado. "[A
suspensão do rodízio] foi meio
atabalhoada. Não foi anunciado
com a antecedência devida,
mas engenharia é experimento.
A suspensão foi justificada."
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