|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Técnicos do Metrô atacam laudo do IPT sobre cratera
Documento afirma que investigação de acidente de 2007
na linha 4 tem "inconsistências" e "afirmações errôneas"
Relatório do instituto, que
custou R$ 6,55 milhões, foi
pago pela companhia;
gestão Serra diz que críticas
não refletem posição oficial
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Técnicos do Metrô prepararam um relatório no qual desqualificam as conclusões do
laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) -que custou R$ 6,55 milhões, pagos pela
companhia- sobre a cratera da
linha 4-amarela, que deixou sete mortos em janeiro de 2007.
O documento diz que o trabalho do IPT tem "inconsistências", "afirmações errôneas" e
"imputa falsas premissas", estando "distante da realidade".
O texto, ao qual a Folha teve
acesso, busca resumir as análises do grupo de trabalho 138/
08, instituído pelo presidente
em exercício do Metrô, José
Jorge Fagalli, em 6 de junho.
Ele chega a questionar a capacidade do instituto -diz que
o IPT "desconhece procedimentos" e não tem experiência
para buscar "obter dados sobre
o andamento dos serviços, aspectos contratuais ou forma de
atuação no dia-a-dia do gerenciamento de uma obra".
A importância do IPT, contratado para investigar as causas do acidente, sempre foi
exaltada pelo governo José
Serra (PSDB). Em janeiro de
2007, em nota, o Metrô dizia
que, além da "ilibada reputação", o instituto tinha "total independência e credibilidade".
No mesmo mês, o secretário
dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, questionado sobre a confiança nos
contratos da linha 4 firmados
pela gestão Geraldo Alckmin
(PSDB), disse: "Vou estar seguro depois do laudo do IPT".
Ontem, em nota, o Metrô informou que o grupo de trabalho ainda "não encerrou" os estudos e que o relatório não reflete sua opinião nem a posição
institucional da companhia.
A Folha apurou que a direção do Metrô decidiu avaliar o
relatório como uma minuta e
que quer mudá-lo. O seu teor
reflete uma disputa interna
desde a divulgação do laudo do
IPT, que motivou discussões
ásperas entre membros do alto
escalão nas últimas semanas.
A investigação do instituto
apontou 11 fatores contribuintes para a tragédia, a maioria
por falhas do Consórcio Via
Amarela -como a não-colocação de tirantes para a sustentação do túnel, mesmo depois de
sinais de alerta do colapso.
O IPT também responsabilizou a fiscalização deficiente do
Metrô. Essa é a principal razão
da crise interna. No governo
Serra, há setores que criticam
os trabalhos na gestão Alckmin
e defendem punições. Outros
não vêem sustentação técnica
para isso, temem direcionamento e se dizem pressionados
até por razões políticas.
O relatório que ataca o trabalho do IPT está mais perto do
que pensa o segundo grupo. O
texto diz que, no laudo, não há
evidência de responsabilidade
"direta ou indireta" de qualquer funcionário do Metrô.
Ele afirma, por exemplo, que,
"ao contrário" das conclusões
do IPT, o Metrô preparou um
plano para a fiscalização da
obra e inclusive o apresentou
num congresso em 2003.
Diz que o instituto "desprezou no seu relatório" a atuação
das equipes de fiscalização.
Afirma que a velocidade de escavação da obra estava aquém
do liberado no projeto -para
contrapor a tese de aceleração.
O texto diz que o IPT comete
"um erro gravíssimo" em relação ao grupo de gerenciamento
ambiental -que teria a função
de monitorar projetos ambientais, e não a situação do solo.
Texto Anterior: Entenda o caso Próximo Texto: Outro lado: Metrô diz que grupo ainda não concluiu estudos e que texto não é sua opinião Índice
|