São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Rua onde aluno aprende a dirigir moto de dia fica vazia à noite

Parque Ibirapuera e av. do Anastácio não recebem aula noturna

DE SÃO PAULO

Sob a luz do dia, a área do parque Ibirapuera conhecida como "autorama" é um dos principais lugares de treinamento de quem vai tirar a carteira de habilitação para dirigir moto em São Paulo.
À noite, é um famoso reduto gay, muitas vezes associado também à prostituição.
Desde que as aulas noturnas se tornaram obrigatórias para tirar a CNH, há quase dois meses, nada mudou.
Nem sequer um aluno recebeu treinamento ali durante a noite, contou à Folha Raimundo, guarda que vigiava 92 motos das autoescolas, cobertas com lonas de proteção, às 19h30 de quarta.
O cenário vazio num lugar onde as motos formam filas até as 17h é só um exemplo de como as aulas noturnas não pegaram -principalmente para veículos de duas rodas.
A situação é semelhante na av. do Anastácio, no parque São Domingos, zona norte, outro ponto tradicional de aulas diurnas de motos.
A placa que reserva a "área de aprendizagem veicular" só proíbe que os carros estacionem por ali até as 19h.
"Não deu confusão porque, até agora, ninguém vem aqui à noite. Mas como pedem aula noturna se os carros podem estacionar aqui nesse horário?", questionou um instrutor de autoescola.

AULA NA RUA
O Detran, oficialmente, alega que as autoescolas não precisam fazer as aulas noturnas nos lugares de treinamento diurno. Diz que elas podem ser feitas na via pública aberta ao tráfego em geral, conforme prevê uma resolução do Contran de 2008.
A única condição é que os alunos tenham, nessa etapa, "pleno domínio do veículo".
"Realmente é mais perigoso. Mas não tem jeito", afirma José Guedes Pereira, presidente do sindicato das autoescolas de São Paulo.
Pereira avalia que os estabelecimentos "vão ter que procurar outros lugares" para dar aula à noite, por haver obstáculos para treinar os alunos no Ibirapuera e na av. do Anastácio, por exemplo.
No primeiro caso, já houve resistência do parque inclusive para liberar as aulas de dia. No segundo, prédios vizinhos se queixam de barulho mesmo sob a luz do sol.
"Não caiu a ficha de muita gente de que essa exigência de aula à noite veio para ficar", afirma Pereira, que condena os estabelecimentos que fraudam as regras.
"A autoescola que usa esquema de reloginho para camuflar precisa ser punida", afirma ele, que já discutiu com técnicos do Estado as fragilidades da identificação digital. (ALENCAR IZIDORO)


DANUZA LEÃO
A colunista está em férias.




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