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Rede ilegal de joias põe shoppings na mira de assaltantes
Aumento do comércio clandestino de peças preciosas ajuda a explicar roubos recentes, diz polícia paulista
Vulnerabilidade dos espaços incentiva os criminosos; oito dos últimos dez assaltos foram encomendados
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
A recente onda de assaltos
a shopping centers está ligada a redes de receptadores de
joias, inclusive de fora do
país. De acordo com a polícia
paulista, a vulnerabilidade
desses locais também influencia na série de roubos.
As investigações já realizadas mostram que oito dos dez
assaltos recentes a joalherias
de centros comerciais de São
Paulo foram encomendados.
Nos outros dois, os criminosos eram amadores influenciados pelas recentes
notícias desse tipo de crime.
Após realizar 13 prisões, o
objetivo da polícia é identificar quem recebe os produtos
a fim de evitar novos roubos,
de acordo com o delegado José Antônio Nascimento, do
Deic (departamento que investiga o crime organizado).
A superexposição dos assaltos, segundo a polícia,
transformou esse tipo de roubo no crime da "moda". Tanto que as polícias do Rio de
Janeiro, do Amazonas, do Paraná e de Santa Catarina registraram assaltos como esses nos últimos sete meses.
"Não há ilhas de segurança. Sempre haverá pontos
frágeis, inclusive em shoppings. A polícia não pode estar em todos os lugares a todo
momento", diz o delegado.
São vários fatores que deixaram os shoppings mais
vulneráveis. Entre eles estão
a facilidade de o assaltante se
fazer passar por cliente, a ausência de policiais e a concentração de vários produtos
com alto valor agregado.
"Para roubar cargas ou
bancos é preciso ter uma
grande estrutura. No caso de
roubos a joalherias em shoppings, os ladrões podem ter
R$ 1 milhão dentro de uma
única sacola e isso atrai o
bandido", diz o diretor do
Sindicato das Empresas de
Segurança Privada de SP,
Waldemar Pellegrino Júnior.
ALTERNATIVAS
Para evitar os assaltos, os
lojistas defendem investimentos em tecnologia e parcerias com a polícia, segundo
o diretor de relações institucionais da Associação dos
Lojistas de Shoppings, Luís
Augusto Ildefonso da Silva.
"Não é um convênio específico, mas é cobrar do poder
público que instale uma base
móvel ou faça rondas periódicas na proximidade dos
shoppings. São lugares com
grande fluxo de pessoas e
que atraem criminosos", diz.
Outra alternativa é ceder
armas para seguranças que
atuam nos estacionamentos
e nas entradas dos shoppings. A proposta é defendida por vigilantes, mas repudiada pela polícia e lojistas.
"Empresas de transporte
de valores têm seguranças
armados e carros blindados.
Mesmo assim, são assaltadas. Não é dando armas para
seguranças de shoppings
que se evitará o crime", afirma o delegado Nascimento.
Para o consultor de segurança Fred Andrade, o ideal é
evitar conflitos. "Temos de
fazer de tudo para que o ladrão não entre no shopping.
Depois que entrou, tenho de
estender o tapete vermelho
para ele sair o quanto antes."
Alguns shoppings paulistas, como o Cidade Jardim
-assaltado duas vezes neste
ano-, adotaram novas regras de segurança. Nele, instalou-se um detector de metais no acesso de pedestres e
os carros que chegam ao estacionamento antes das 10h
são parados para que vigilantes identifiquem visualmente
os ocupantes do veículo.
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