São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Rede ilegal de joias põe shoppings na mira de assaltantes

Aumento do comércio clandestino de peças preciosas ajuda a explicar roubos recentes, diz polícia paulista

Vulnerabilidade dos espaços incentiva os criminosos; oito dos últimos dez assaltos foram encomendados


AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

A recente onda de assaltos a shopping centers está ligada a redes de receptadores de joias, inclusive de fora do país. De acordo com a polícia paulista, a vulnerabilidade desses locais também influencia na série de roubos.
As investigações já realizadas mostram que oito dos dez assaltos recentes a joalherias de centros comerciais de São Paulo foram encomendados.
Nos outros dois, os criminosos eram amadores influenciados pelas recentes notícias desse tipo de crime.
Após realizar 13 prisões, o objetivo da polícia é identificar quem recebe os produtos a fim de evitar novos roubos, de acordo com o delegado José Antônio Nascimento, do Deic (departamento que investiga o crime organizado).
A superexposição dos assaltos, segundo a polícia, transformou esse tipo de roubo no crime da "moda". Tanto que as polícias do Rio de Janeiro, do Amazonas, do Paraná e de Santa Catarina registraram assaltos como esses nos últimos sete meses.
"Não há ilhas de segurança. Sempre haverá pontos frágeis, inclusive em shoppings. A polícia não pode estar em todos os lugares a todo momento", diz o delegado.
São vários fatores que deixaram os shoppings mais vulneráveis. Entre eles estão a facilidade de o assaltante se fazer passar por cliente, a ausência de policiais e a concentração de vários produtos com alto valor agregado.
"Para roubar cargas ou bancos é preciso ter uma grande estrutura. No caso de roubos a joalherias em shoppings, os ladrões podem ter R$ 1 milhão dentro de uma única sacola e isso atrai o bandido", diz o diretor do Sindicato das Empresas de Segurança Privada de SP, Waldemar Pellegrino Júnior.

ALTERNATIVAS
Para evitar os assaltos, os lojistas defendem investimentos em tecnologia e parcerias com a polícia, segundo o diretor de relações institucionais da Associação dos Lojistas de Shoppings, Luís Augusto Ildefonso da Silva.
"Não é um convênio específico, mas é cobrar do poder público que instale uma base móvel ou faça rondas periódicas na proximidade dos shoppings. São lugares com grande fluxo de pessoas e que atraem criminosos", diz.
Outra alternativa é ceder armas para seguranças que atuam nos estacionamentos e nas entradas dos shoppings. A proposta é defendida por vigilantes, mas repudiada pela polícia e lojistas.
"Empresas de transporte de valores têm seguranças armados e carros blindados. Mesmo assim, são assaltadas. Não é dando armas para seguranças de shoppings que se evitará o crime", afirma o delegado Nascimento.
Para o consultor de segurança Fred Andrade, o ideal é evitar conflitos. "Temos de fazer de tudo para que o ladrão não entre no shopping. Depois que entrou, tenho de estender o tapete vermelho para ele sair o quanto antes."
Alguns shoppings paulistas, como o Cidade Jardim -assaltado duas vezes neste ano-, adotaram novas regras de segurança. Nele, instalou-se um detector de metais no acesso de pedestres e os carros que chegam ao estacionamento antes das 10h são parados para que vigilantes identifiquem visualmente os ocupantes do veículo.


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