São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2011

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Movida a diesel (e etanol)

Viciada em ônibus, Niege Chaves, 38, comanda viação que transporta 210 mil passageiros por dia na periferia da zona sul e é a única mulher no meio dos "barões do asfalto" paulistanos

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

Risonha, bonita, de família rica, habitué de colunas sociais no Recife, Niege Chaves, 38, trouxe há um ano e meio sua mudança para São Paulo. Adora fazer compras, mas, como diz sua mãe, desde que sentiu cheiro de diesel, tem outro vício: ônibus.
Com 20 anos, já botava a mão na graxa e montava motores no treinamento de mecânica da viação familiar.
Agora, lida com sua mania na capital paulista. Assumiu uma das empresas de ônibus mais tradicionais de SP, que carrega 210 mil pessoas por dia, na periferia da zona sul.
Após comprar a viação Paratodos, que beirava 50 anos de vida, ela é hoje a única dama nas reuniões dos "barões do asfalto" paulistanos.
Trocou a região de influência política do pai (José Severiano Chaves, deputado federal do PTB-PE) por um espaço sem muito glamour em SP.
Ao menos na imagem, Niege é bem diferente de grupos portugueses que costumam dominar essas empresas.
Fechados, avessos à mídia e a "estrangeiros" no mercado, já foram acusados até de integrarem uma máfia para pressionar a prefeitura.
Três anos após transformar a Paratodos na Metropolitana e mais de um após se mudar com os dois filhos para presidir a viação de perto na capital paulista, Niege diz que desconhece tudo isso.
"Fui muito bem recebida. Achei super "low profile", tranquilérrimo", afirma.
Com 4% da frota paulistana, a Paratodos foi só um passo. Ela começa em outubro a operar em Sorocaba -e está de olho na Grande SP.

PANAMBY E PARELHEIROS
Além do trajeto do Panamby, onde mora, para a Vila Olímpia, onde trabalha, os periféricos Parelheiros e Jardim Míriam já entraram nas rotas de Niege, por terem as linhas de mais demanda.
O transporte oferecido pelos 330 ônibus da empresária, porém, ainda está longe de ser visto como diferencial.
O consórcio que ela integra teve a mais baixa aprovação da cidade numa pesquisa de imagem em 2010 -saltou de só 41% para só 43%.
Formada em administração de empresas, Niege alega que é líder em satisfação dentro do consórcio -e que não controla congestionamento.
"O trânsito daqui aumenta muito os tempos de espera. Precisa ter velocidade nos corredores de ônibus. O da Santo Amaro está esgotado."
Nas viagens ao exterior, Niege é usuária frequente de transporte coletivo. Admira os ônibus de Houston, nos EUA, e Viena, na Áustria.
Em São Paulo, confessa: "ando pouco". "Mas já levei meus filhos, uso de sábado, de domingo, como lazer."
Depois de testar os veículos de sua viação às 4h30 num trajeto desde Parelheiros, ela tem que reconhecer.
"Os ônibus saem muito cheios. Depois dessa viagem, compramos 15 ônibus articulados, mas já precisa trocar de novo, botar maiores."
Uma das novidades a cargo de Niege foi a compra neste ano de 50 ônibus a etanol, menos poluentes -a primeira frota desse tipo no país.
A idade da frota da Metropolitana é de três anos -contra cinco e meio da média.
A viação passou neste ano a instalar câmeras nos ônibus -dentro de três meses, todos estarão equipados.
Quer, com isso, controlar uma queixa comum: a de motoristas que não param no ponto. O problema é que, muitas vezes, isso ocorre devido à superlotação. E Niege, como os outros empresários, é contra aumentar a frota. "A questão não é mais ônibus, mas melhorar a velocidade."


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