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HABITAÇÃO
Propaganda de condomínio para funcionários públicos em Itaquera anuncia escola infantil e equipamentos de lazer
Marta promete mini-CEU para servidores
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois quartos e varanda com vista para o metrô Itaquera. Esse é o
apartamento padrão do condomínio fechado que a administração Marta Suplicy (PT) está construindo, um projeto habitacional
exclusivo para os servidores paulistanos. Para ajudar na venda, a
publicidade do empreendimento
promete um mini-CEU.
A prefeita é candidata à reeleição em outubro. Os CEUs, os escolões que levam piscina, teatro e
cinema à periferia, são o carro-chefe de sua campanha.
O condomínio Residencial São
Paulo será construído em um terreno de 115 mil m2 na zona leste da
cidade, em frente à estação de metrô Itaquera.
"Eu adoraria levar minha família para um condomínio fechado
que tivesse um CEU. Vai ser como
um clube", afirma Renato Ramos,
funcionário da Subprefeitura de
Itaquera que está juntando os documentos para concorrer a um
dos 1.694 apartamentos.
A construção do mini-CEU está
prevista no folheto publicitário
distribuído aos servidores. Existem outras promessas, como a
instalação de uma área comercial
e de apartamentos especiais para
deficientes físicos.
Segundo a secretária municipal
da Educação, Cida Perez, o mini-CEU priorizará o atendimento a
crianças de até seis anos. "Vamos
aguardar a conclusão das inscrições para termos um perfil dos
moradores, mas teremos com
certeza quadras esportivas, biblioteca, teatro e um centro de informática", afirma.
Até agora, 3.210 servidores municipais já se inscreveram para
obter o financiamento da Caixa
Econômica Federal. Destes, 1.990
(62%) foram aprovados no cadastro inicial e poderão seguir com o
seu pedido. Os outros 1.220 tiveram suas propostas rejeitadas.
O número de pedidos declinados foi considerado alto por técnicos da prefeitura e da Caixa que
cuidam desse projeto, o que motivou a prorrogação do prazo de
inscrições até o dia 27 de agosto.
Oficialmente, no entanto, as assessorias de imprensa negam que
haja dificuldades em preencher os
1.694 apartamentos.
Dois consultores do mercado
imobiliário analisaram as dificuldades para a venda. "O preço está
muito alto para o produto que se
pretende vender", afirma Luiz
Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Mercado).
Segundo ele, dos 25 empreendimentos lançados na região nos últimos dois anos, apenas quatro
eram verticais. Os prédios que a
prefeitura planejou têm 12 andares. "Haverá até 20 apartamentos
por andar. Vai parecer um pombal. Parece inadequado para o
perfil dos servidores paulistanos."
O apartamento mais barato,
com dois dormitórios em 51,4 m2,
custa R$ 41,3 mil. O mais caro,
com três dormitórios em 63,8 m2 e
garagem, R$ 70 mil. O prazo de financiamento é de 240 meses.
Para Celso Amaral Neto, diretor
comercial da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações, os preços
estão "no limite". "As pessoas andam superendividadas."
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