São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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HABITAÇÃO

Propaganda de condomínio para funcionários públicos em Itaquera anuncia escola infantil e equipamentos de lazer

Marta promete mini-CEU para servidores

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois quartos e varanda com vista para o metrô Itaquera. Esse é o apartamento padrão do condomínio fechado que a administração Marta Suplicy (PT) está construindo, um projeto habitacional exclusivo para os servidores paulistanos. Para ajudar na venda, a publicidade do empreendimento promete um mini-CEU.
A prefeita é candidata à reeleição em outubro. Os CEUs, os escolões que levam piscina, teatro e cinema à periferia, são o carro-chefe de sua campanha.
O condomínio Residencial São Paulo será construído em um terreno de 115 mil m2 na zona leste da cidade, em frente à estação de metrô Itaquera.
"Eu adoraria levar minha família para um condomínio fechado que tivesse um CEU. Vai ser como um clube", afirma Renato Ramos, funcionário da Subprefeitura de Itaquera que está juntando os documentos para concorrer a um dos 1.694 apartamentos.
A construção do mini-CEU está prevista no folheto publicitário distribuído aos servidores. Existem outras promessas, como a instalação de uma área comercial e de apartamentos especiais para deficientes físicos.
Segundo a secretária municipal da Educação, Cida Perez, o mini-CEU priorizará o atendimento a crianças de até seis anos. "Vamos aguardar a conclusão das inscrições para termos um perfil dos moradores, mas teremos com certeza quadras esportivas, biblioteca, teatro e um centro de informática", afirma.
Até agora, 3.210 servidores municipais já se inscreveram para obter o financiamento da Caixa Econômica Federal. Destes, 1.990 (62%) foram aprovados no cadastro inicial e poderão seguir com o seu pedido. Os outros 1.220 tiveram suas propostas rejeitadas.
O número de pedidos declinados foi considerado alto por técnicos da prefeitura e da Caixa que cuidam desse projeto, o que motivou a prorrogação do prazo de inscrições até o dia 27 de agosto. Oficialmente, no entanto, as assessorias de imprensa negam que haja dificuldades em preencher os 1.694 apartamentos.
Dois consultores do mercado imobiliário analisaram as dificuldades para a venda. "O preço está muito alto para o produto que se pretende vender", afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Mercado).
Segundo ele, dos 25 empreendimentos lançados na região nos últimos dois anos, apenas quatro eram verticais. Os prédios que a prefeitura planejou têm 12 andares. "Haverá até 20 apartamentos por andar. Vai parecer um pombal. Parece inadequado para o perfil dos servidores paulistanos."
O apartamento mais barato, com dois dormitórios em 51,4 m2, custa R$ 41,3 mil. O mais caro, com três dormitórios em 63,8 m2 e garagem, R$ 70 mil. O prazo de financiamento é de 240 meses.
Para Celso Amaral Neto, diretor comercial da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações, os preços estão "no limite". "As pessoas andam superendividadas."


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