São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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BARBARA GANCIA

Os idiotas e a equilibrista

Heloísa Helena não saiu do PT justamente porque Lula não manteve no governo as promessas de campanha?

O CIRQUE DU SOLEIL , de passagem pela cidade, bem que poderia chamar Heloísa Helena para fazer um teste. Convenhamos: a exibição de malabarismo verbal que a candidata deu em entrevista a William Bonner e Fátima Bernardes, no "Jornal Nacional" de terça-feira, é bem mais apropriada ao picadeiro do que ao palanque. Heloísa Helena pode dar nó na língua e ficar roxa de tanto falar, pode chamar quem quiser de "meu amor" ou tentar se impor na base do berro. Mas nem se usasse simultaneamente todas as técnicas de seu arsenal de persuasão conseguiria manter todos os pratos girando ao mesmo tempo e nos convencer de que existe profundidade no que diz. O perfeito idiota latino-americano bate palmas quando Heloísa Helena solta o verbo contra a injustiça e a corrupção. Mas, vem cá: na entrevista ao casal telejornal, a candidata não disse que programa de partido é uma coisa e programa de governo é outra? Nada como um dia após o outro. Não foi justamente o fato de que Lula não manteve no governo as promessas de campanha o que afastou a senadora do PT? A candidata do PSOL também encheu a boca na entrevista para dizer que o socialismo verdadeiro nunca foi implantado em lugar nenhum. Ora, ora, o que ela quer? Que a gente sirva de ratinho de laboratório em alguma experiência que nos aproxime do passado recente vivido pela Albânia ou pelo Camboja?

O novo Che Guevara
O governador Cláudio Lembo (PFL) diz que a onda de ataques no Estado "virou um modismo trágico e estúpido", que são "adolescentes fazendo pequenos ataques ridículos" e que "isso é uma crise de identidade pessoal e de valores que estamos vivendo no Brasil". Pois é, quem manda ficar endeusando gente da laia do Marcola? Só em uma sociedade esculhambada como a nossa um bandido pé-de-chinelo desses é capaz de virar o novo Che Guevara. Eu mesma já ouvi, da boca de uma colega de trabalho, que Marcola é um gato e que, se fosse candidato a algum cargo público, ela votaria nele. A verdade é uma só: Marcola não passa de um otário violento. Já viveu mais da metade da vida adulta na cadeia e ainda tem muitos anos a cumprir em regime fechado. Mas sai na capa da "Veja" como sendo o cérebro de uma grande organização criminosa, como se fosse um sujeito letrado e sofisticado. Até a obra completa de Dante andam dizendo que ele leu. Em um país com a carência de mitos do nosso, daí a virar herói é um passo.

Mais uma obra no Ibira
Se a gente se distrai um minuto, eles logo inventam uma nova. A última é a Secretaria Municipal de Cultura e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente darem o aval conjunto para a construção, no parque Ibirapuera -justamente na área do viveiro Manequinho Lopes-, do pavilhão Krajcberg, em homenagem ao artista plástico. Segundo parecer técnico, a construção irá espantar as aves que passam pela cidade e usam o local para fazer ninhos, se alimentar e pernoitar. Ora, o parque Villa-Lobos, em toda a sua aridez, não seria local mais apropriado para a implantação do projeto?

barbara@uol.com.br

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