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Só 29 cursos recebem nota máxima em SP
Eles representam 2,4% dos 1.220 avaliados no Estado no Enade (Exame Nacional de Desempenho) no ano passado
USP e Unicamp não participaram por não terem concluído a análise dos critérios; 2,4% dos cursos receberam a menor nota
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas 2,4% dos cursos avaliados em São Paulo pelo último Enade, exame que substituiu o provão, receberam a nota
máxima. Em termos absolutos,
isso significa que 29 dos 1.220
cursos analisados no Estado
obtiveram o patamar cinco.
O desempenho em São Paulo
ficou abaixo da média nacional,
em que 4,7% das carreiras ficaram no nível mais elevado.
Na última versão do Enade,
foram avaliados alunos do primeiro e do último ano de cursos de graduação pertencentes
a 20 áreas, entre elas engenharia, biologia, química, pedagogia, computação e letras.
Em São Paulo, dos 29 cursos
com conceito cinco, 25 foram
obtidos por instituições públicas. A que obteve mais foi a
Unesp, com 15, seguida da federal de São Carlos, com quatro.
A USP e a Unicamp decidiram não participar da prova,
por entenderem que os critérios ainda não estavam suficientemente debatidos.
Do sistema particular, quatro
instituições tiveram um curso
no patamar mais alto.
Os dados foram tabulados
pela Folha com base no desempenho de cada instituição
de ensino superior do Estado.
O levantamento mostrou
também que 30 cursos em São
Paulo ficaram no nível mais
baixo (1), o que representa
2,4% do total.
Especialistas ouvidos pela
reportagem consideraram baixo o percentual de cursos que
obtiveram o desempenho mais
elevado em São Paulo. Eles
destacaram, porém, que é preciso avaliar outros fatores para
determinar se o curso é ruim.
O próprio Enade, criado no
governo Lula, faz parte de um
processo mais amplo de avaliação das universidades. Além
das provas aos alunos, também
há visitas de comissões de especialistas às faculdades.
"Esse baixo desempenho
mostra que os cursos têm deficiências. É um alerta para as
instituições", disse Márcia Brito, professora do departamento de psicologia da Unicamp e
consultora do Inep -instituto
de pesquisas do Ministério da
Educação, que aplicou o Enade.
"A proliferação de cursos nos
últimos anos pode ter ocasionado a entrada de alunos com
dificuldades", disse Brito, que
ressalta ainda que houve boicote de algumas turmas -como
alguns alunos da PUC-SP e da
Unesp, por exemplo. O maior
número de zeros faz com que a
média fique mais baixa.
"O desempenho foi fraco.
Mas só com essa nota não é
possível saber se o curso é bom
ou ruim. Ele é um indicador,
entre alguns outros", afirmou
Isabel Capeletti, professora de
pós-graduação em educação da
PUC-SP. "Por exemplo, qual é a
inserção desses estudantes no
mercado de trabalho? Olhar só
para uma nota pode causar
equívocos. E se no exame caiu
apenas o que você não sabia?"
Professores
Pró-reitora de graduação da
Unesp (universidade paulista
que obteve mais conceitos cinco), Sheila Pinho disse que a escola obteve bom desempenho
principalmente devido à "qualificação do corpo docente".
"A maioria dos nossos professores têm doutorado e dedicação integral à universidade, o
que possibilita fazer pesquisa e
extensão", disse Pinho.
A pró-reitora apontou também que o próprio aluno que
ingressa na instituição "já é
muito bom". Isso ocorre, segundo ela, porque o vestibular
consegue selecionar bem os estudantes para os cursos.
A reitora da Universidade
Cruzeiro do Sul (que obteve um
curso nota cinco), Sueli Cristina Marquesi, concorda que os
alunos que ingressam nas instituições públicas estão mais
bem preparados -por serem
gratuitas e terem mais tradição,
os vestibulares dessas universidades são mais concorridos.
Para suprir a defasagem,
Marquesi afirmou que a instituição oferece atividades de
acompanhamento para os estudantes ingressantes, em
áreas como leitura e interpretação de texto. "Os alunos não
chegam prontos ao ensino superior", declarou.
A reitora disse que sua instituição obteve um bom desempenho porque conseguiu inserir os alunos em atividades de
pesquisa e de interação com a
comunidade. "Tentamos mostrar a prática desde o início."
Já a Universidade Ibirapuera
afirmou que o boicote da turma
do quarto ano de química levou
o curso a ter nota um.
O Enade 2005 avaliou
277.476 estudantes de 5.511
cursos de todo o país. As regiões
Sul e Nordeste ficaram empatadas em primeiro lugar com o
maior percentual de cursos
com os conceitos mais altos
(29,9% e 29,8%, respectivamente). No Sudeste, o índice ficou em 27,6%.
Colaborou Tomas Chiaverini
NA INTERNET - Os dados da pesquisa estão disponíveis no site do Inep
www.inep.gov.br
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