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UNE fará campanha para legalizar aborto
Nova presidente da União Nacional dos Estudantes afirma que é preciso descriminalizar a interrupção da gravidez no país
Segundo Lúcia Stumpf, entidade planeja fazer plebiscitos nas universidades e já marcou para este
mês novas invasões
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
No comando da UNE (União
Nacional dos Estudantes) desde o mês passado, mas oficialmente empossada ontem, Lúcia Stumpf, 25, aluna do sétimo
semestre de jornalismo da
Fiam, em São Paulo, quer levantar discussões que vão além
da esfera estudantil.
Seu primeiro projeto é lançar
uma campanha pela descriminalização do aborto e fazer plebiscitos nas universidades. As
ações, afirma, começam neste
semestre.
"Estamos organizando uma
grande campanha nas universidades sobre a necessidade de
descriminalizar o aborto no
Brasil. A UNE tem de fazer uma
discussão sobre isso porque é
uma realidade que a gente vive", diz. Para ela, a entidade
tem o dever de dar início ao debate e encaminhá-lo ao governo. "Estamos preparando o
material e pensamos em fazer
um plebiscito sobre o tema
dentro das universidades."
Bonita, estilo patricinha e fã
de punk rock, a primeira mulher a assumir a entidade em 15
anos diz que faria um aborto
"sem nenhuma dúvida" e está
preocupada com questões que
se referem às condições de estudos das mulheres.
"Em 70 anos de UNE, houve
50 presidentes homens e apenas quatro mulheres. Acho que
isso mostra que mesmo a universidade e o movimento estudantil reproduzem muito do
machismo que existe na sociedade brasileira."
Lúcia já marcou, para a semana que vai de 20 a 24 deste
mês, o início do que chama de
"jornada de luta": passeatas e
invasões a reitorias para pressionar o governo a regulamentar o ensino privado e a melhorar o orçamento das universidades públicas. No dia 22, uma
passeata unificada com movimentos sociais espera tomar
conta de todo o país.
"Queremos o aumento de R$
200 milhões para as instituições federais para que sejam
gastos apenas em assistência
estudantil, como moradia, restaurantes e creches", diz. "Hoje
a estudante que engravida é penalizada, é obrigada a abandonar os estudos porque é impossível conciliar a maternidade
com a sala de aula."
Filiada ao PC do B há oito
anos, filha de médicos e namorando há dois anos, a nova presidente fazia faculdade em Porto Alegre (RS) antes de vir a São
Paulo por causa do movimento
estudantil, mas diz não querer
seguir carreira política.
Lúcia foi eleita sem ter tido
concorrentes e encara as invasões como uma das principais
armas dos estudantes. "Invasão
de reitoria é uma forma de
pressão que temos e não descartamos ocupações em agosto,
tanto em universidades públicas quanto em particulares."
Lúcia afirma que a principal
luta da entidade hoje é nas universidades particulares. "Como
70% dos estudantes estão lá, e
ainda não conseguimos inverter essa situação, temos de
atendê-los. A maior parte da
nossa base está na particular e é
quem mais sofre com a má condição de ensino."
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