São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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Promotoria denuncia 20 por clonar cartões de crédito

Quadrilha aliciava funcionários para "furtar" dados de clientes em supermercados

Investigação apontou que grupo fazia compras na China, Rússia, Argentina e Panamá com os dados dos cartões fraudados

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Acusados de pertencer a uma quadrilha internacional de clonadores de cartões de crédito e bancários que atuava em quatro Estados brasileiros (SP, RJ, SC e PR) foram denunciados ontem à 15ª Vara Criminal de São Paulo pelo Ministério Público Estadual por furto qualificado, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
O ucraniano Oleksandr Lopatyuk, 27, e o chinês Chan Tsung Fei, 35, foram apontados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo como dois dos principais articuladores do esquema de clonagem dos cartões.
Lopatyuk é acusado como o elo internacional entre os criminosos que atuavam no Brasil e os de outros países, onde os cartões clonados eram usados.
Fei é tido como o "cérebro eletrônico" do grupo. Ele desenvolvia programas de computador e artifícios para conseguir burlar com mais facilidade os métodos de segurança das operadores de cartões.
Os principais alvos da quadrilha eram clientes de supermercados nos quatro Estados brasileiros onde a quadrilha atuava ao menos desde 2004. Vinte pessoas acusadas de ligação com o grupo, inclusive Lopatyuk e Fei, estão presas.
Um dos presos, César Cunha Pereira, 33, é acusado de aliciar os funcionários dos estabelecimentos comerciais onde instalavam máquinas fraudadoras.
O empresário Reinaldo Meneses do Sacramento, 27, o Guga, acusado anteriormente de receptação e furto, foi apontado pela Promotoria e pela PF como responsável pela articulação dos criminosos.
A partir do aliciamento de funcionários de grandes redes de supermercados, os integrantes da quadrilha copiavam os dados dos cartões das vítimas e os repassavam a outros criminosos que eram responsáveis por fazer novos cartões.
Os funcionários dos supermercados corrompidos pelo grupo faziam a troca das máquinas leitoras dos cartões originais dos estabelecimentos comerciais pelas fraudadas da quadrilha.
Essas máquinas copiavam números e senhas dos cartões bancários (quando havia pagamento com débito automático) e de crédito, principalmente dos bancos do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco, instaladas clandestinamente em algumas lojas dos hipermercados Carrefour, Pão de Açúcar e Extra.
Os bancos e os hipermercados ajudaram a investigação da PF com o fornecimento de dados sobre as ações de fraude detectadas pelos seus próprios sistemas de segurança.
Com os cartões clonados, os criminosos viajavam para Argentina, Panamá, China e Rússia para realizar compras e saques bancários. A maior parte das transações era de valores baixos, que não chamavam a atenção das operadoras.
No monitoramento feito pela PF, bagagens de alguns deles usadas em viagens internacionais foram revistadas sem que eles soubessem, tanto na entrada como na saída do Brasil. Dentro, a PF encontrou réguas para leitura de tarjas magnéticas e leitores de cartões e até alguns outros já clonados.
Para fazer a lavagem do dinheiro obtido com os cartões clonados, a quadrilha adquiriu apartamentos, carros, uma revenda de autopeças e uma loja de roupas de grife num shopping center de São Paulo.
"Laranjas" eram usados para ocultar os bens dos criminosos e também para realizar algumas das transações com os cartões clonados. Os advogados dos acusados não foram localizados pela Folha ontem.


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