São Paulo, terça-feira, 11 de agosto de 2009

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Avanço da nova gripe pressiona hospitais públicos e privados

Diretor do Emílio Ribas diz que a demanda por atendimento aumentou e que "o último final de semana foi uma loucura"

Médicos do HC dizem que situação é preocupante e que vários funcionários estão com a doença; direção do hospital nega

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

CLÁUDIA COLLUCCI
TALITA BEDINELLI

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do número de casos da nova gripe está pressionando hospitais públicos e privados de São Paulo. "O último fim de semana foi uma loucura. A demanda é enorme tanto na rede pública como na particular", disse à Folha o infectologista David Uip, diretor do Instituto Emílio Ribas. O médico, porém, assegura que, por enquanto, os hospitais públicos estão dando conta.
No Emílio Ribas, o número de atendimentos mensais no pronto-socorro aumentou 133% entre maio e julho, segundo Uip -foi de 2.180 pacientes para 5.081. Tendência semelhante se verificou nos casos mais graves. "Temos hoje 51 leitos de urgência no Emílio Ribas, a grande maioria ocupados pela nova gripe H1N1."
Outros hospitais também estão sob estresse. Uma médica e um médico do Hospital das Clínicas, que não quiseram ser identificados, relataram que a situação é preocupante. Segundo eles, há ao menos 70 pessoas internadas no HC com a nova gripe, 30 delas em estado grave.
Eles também dizem que há mais de 40 funcionários do HC, entre eles médicos e enfermeiros, que contraíram a forma branda da gripe. A direção do HC nega. Por meio da assessoria de imprensa, informa que existem hoje 25 pacientes internados em razão da gripe. O hospital não confirma nem desmente a informação de uma enfermeira morreu na semana passada vítima da doença.
No setor de obstetrícia, havia ontem oito grávidas internadas. Segundo o ginecologista Felipe Fitipaldi, responsável pelo atendimento das gestantes, não faltam leitos. "Estamos dando conta", afirmou ele.
O ginecologista Renato Kalil, que atende em hospitais como Einstein e São Luiz, relata que a situação nos hospitais privados está "uma loucura". "Há filas de espera de cinco, seis horas. Os exames [para confirmar o HIN1] estão demorando até 15 dias para ficarem prontos. A situação está muito pior do que se imagina", diz ele.
A Folha apurou que o Hospital do Campo Limpo, o maior da região sul, está com metade de seus 12 leitos de UTI ocupados por pacientes com H1N1. A situação se repete na ala pediátrica, onde seis das oito vagas foram destinadas a crianças com suspeita de gripe.
Uip acredita que a situação pode piorar: "Esperamos uma pandemia com muitos pacientes graves. Quinze porcento da população infectada é o cenário otimista. A OMS fala em 30%, e a literatura diz que podem ser 50%. Destes, 5% a 6% necessitarão de internação".

Testes
Uma reunião entre a Secretaria Estadual de Saúde, laboratórios e hospitais particulares na sexta-feira decidiu que apenas pacientes internados, grávidas e menores de dois anos devem realizar o teste.
Mesmo com o protocolo do Ministério da Saúde que estabelece que só pacientes internados realizem o teste, hospitais continuam a pedir exames para pessoas do grupo de risco.
"Precisamos deixar para os que realmente precisam. Isso vai tirar a pressão nos laboratórios", afirma Celso Granato, do Fleury, laboratório que faz exames para hospitais particulares. Segundo ele, se o número de testes continuasse como o atual, poderia faltar o reagente, que é importado.


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