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Avanço da nova gripe pressiona hospitais públicos e privados
Diretor do Emílio Ribas diz que a demanda por atendimento aumentou e que "o último final de semana foi uma loucura"
Médicos do HC dizem que situação é preocupante e que vários funcionários estão com a doença;
direção do hospital nega
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
CLÁUDIA COLLUCCI
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento do número de casos da nova gripe está pressionando hospitais públicos e privados de São Paulo. "O último
fim de semana foi uma loucura.
A demanda é enorme tanto na
rede pública como na particular", disse à Folha o infectologista David Uip, diretor do Instituto Emílio Ribas. O médico,
porém, assegura que, por enquanto, os hospitais públicos
estão dando conta.
No Emílio Ribas, o número
de atendimentos mensais no
pronto-socorro aumentou
133% entre maio e julho, segundo Uip -foi de 2.180 pacientes para 5.081. Tendência
semelhante se verificou nos casos mais graves. "Temos hoje
51 leitos de urgência no Emílio
Ribas, a grande maioria ocupados pela nova gripe H1N1."
Outros hospitais também estão sob estresse. Uma médica e
um médico do Hospital das Clínicas, que não quiseram ser
identificados, relataram que a
situação é preocupante. Segundo eles, há ao menos 70 pessoas
internadas no HC com a nova
gripe, 30 delas em estado grave.
Eles também dizem que há
mais de 40 funcionários do HC,
entre eles médicos e enfermeiros, que contraíram a forma
branda da gripe. A direção do
HC nega. Por meio da assessoria de imprensa, informa que
existem hoje 25 pacientes internados em razão da gripe. O
hospital não confirma nem
desmente a informação de uma
enfermeira morreu na semana
passada vítima da doença.
No setor de obstetrícia, havia
ontem oito grávidas internadas. Segundo o ginecologista
Felipe Fitipaldi, responsável
pelo atendimento das gestantes, não faltam leitos. "Estamos
dando conta", afirmou ele.
O ginecologista Renato Kalil,
que atende em hospitais como
Einstein e São Luiz, relata que
a situação nos hospitais privados está "uma loucura". "Há filas de espera de cinco, seis horas. Os exames [para confirmar
o HIN1] estão demorando até
15 dias para ficarem prontos. A
situação está muito pior do que
se imagina", diz ele.
A Folha apurou que o Hospital do Campo Limpo, o maior
da região sul, está com metade
de seus 12 leitos de UTI ocupados por pacientes com H1N1. A
situação se repete na ala pediátrica, onde seis das oito vagas
foram destinadas a crianças
com suspeita de gripe.
Uip acredita que a situação
pode piorar: "Esperamos uma
pandemia com muitos pacientes graves. Quinze porcento da
população infectada é o cenário otimista. A OMS fala em
30%, e a literatura diz que podem ser 50%. Destes, 5% a 6%
necessitarão de internação".
Testes
Uma reunião entre a Secretaria Estadual de Saúde, laboratórios e hospitais particulares
na sexta-feira decidiu que apenas pacientes internados, grávidas e menores de dois anos
devem realizar o teste.
Mesmo com o protocolo do
Ministério da Saúde que estabelece que só pacientes internados realizem o teste, hospitais continuam a pedir exames
para pessoas do grupo de risco.
"Precisamos deixar para os
que realmente precisam. Isso
vai tirar a pressão nos laboratórios", afirma Celso Granato, do
Fleury, laboratório que faz exames para hospitais particulares. Segundo ele, se o número
de testes continuasse como o
atual, poderia faltar o reagente,
que é importado.
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