São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Apreender moto irregular é só o básico, diz técnico

Para consultor em trânsito, falta preparo psicológico aos motociclistas

Fiscalização falha e impunidade contribuem para a alta no número de acidentes, afirma Luís Antônio Seraphim


DE SÃO PAULO

Embora a frota paulistana ganhe 157 motos novas por dia, outras 96 saem temporariamente das ruas com a média de apreensões neste ano. Engenheiro e consultor em trânsito, Luís Antônio Seraphim, 54, diz que retirar as irregulares é só uma lição de casa básica, mas insuficiente diante da série de estímulos às motos -como a baixa qualidade do transporte coletivo.

 

Folha - Por que as motos se expandiram tanto?
Luís Antônio Seraphim -
Temos um problema crônico de mobilidade urbana. Faltam jovens preparados para entrar no mercado de trabalho. Adquirir uma moto é ter uma renda assegurada. É um veículo ágil, com custo baixo. Esse jovem ascende socialmente na comunidade, ganha status.

Folha - E a baixa qualidade do transporte público coletivo?
Seraphim - É a primeira coisa. Não são só os motoboys, outras pessoas passaram a usar motos. Se houvesse um bom transporte coletivo, é evidente que isso não estaria ocorrendo.

Folha - O problema para tantos acidentes está na moto ou na imprudência?
Seraphim - A moto é um equipamento de alta periculosidade. Ela se desloca rapidamente, é de difícil percepção no trânsito. O motorista não tem referência do ritmo pelo retrovisor.
O fato de ser conduzida por um jovem arrojado potencializa os riscos. A falta de fiscalização e a certeza de impunidade são agravantes. Além do veículo e do perfil do usuário, contribui também a falta de normas claras. Os motociclistas consideram que os corredores são deles.

Folha - Até que ponto essa disparada de apreensões pode ajudar?
Seraphim -
É uma lição de casa básica. Ajuda, evidentemente. As motos irregulares fazem parte de um universo de transgressores. O efeito no tempo é importante se for persistente. Mas não é suficiente para resolver a questão. Só atenuar.
Há políticas públicas mais abrangentes.
Para financiar uma moto, precisaria ter uma contrapartida de preparo técnico, psicológico e educacional.


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