São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Polícia assume erro em tiroteio no Rio

Secretário da Segurança e PM admitem falha na abordagem ao ônibus sequestrado, mas dizem que ação evitou o pior

Para especialistas, policiais deveriam ter feito cerco e negociado; PM afirma que tiros pararam o veículo


DO RIO

Onze anos após o sequestro do ônibus 174, uma ação semelhante voltou a causar críticas sobre a preparação da polícia do Rio para intervir em situações com reféns.
O cerco ao ônibus sequestrado na noite de anteontem, apesar de ter terminado com a rendição de três bandidos, deixou cinco inocentes baleados -um em estado grave.
O secretário da Segurança, José Mariano Beltrame, e a própria polícia admitem ter havido erros. Passageiros feitos reféns relataram que os bandidos não deram nenhum tiro dentro do ônibus.
"Houve erro na forma como a polícia tentou parar o ônibus. Num segundo momento os PMs conseguiram evitar o que poderia de pior acontecer", disse Beltrame.
Perícia preliminar constatou que os 14 disparos que acertaram o veículo partiram de fora, onde estavam os PMs. Eles alegam que miraram os pneus para parar o ônibus.
Especialistas criticaram a ação. O consenso é que os PMs não deveriam ter atirado no ônibus. O ideal, dizem, é fazer o cerco e negociar. "O policial não pode arriscar fazendo disparos em área urbana", disse o coronel reformado Paulo César de Oliveira.
Para o antropólogo Paulo Storani, ex-capitão do Bope, os policiais têm falhas no treinamento e herdaram uma cultura de confronto.
O comandante da PM, Mário Sérgio Duarte, que na terça chamara a operação de "sucesso", disse ontem que os policiais tiveram "ações fora do protocolo". "A rigor, tiros não deveriam ter acontecido. Mas, paradoxalmente, foi o que parou o ônibus."
Filha de Liza Monica Pereira, que levou um tiro no tórax e fraturou uma costela e a clavícula, Tammy Pereira, 27, considerou a ação "completamente errada". Liza está internada em estado grave.
Também estão internados Fabiana Gomes da Silva, 30, passageira baleada na coxa; e Alcir Pereira Carvalho, 56, atingido no pescoço dentro de um carro. Fábio Peixoto, 36, outro ocupante do carro, disse ter visto um bandido em fuga atirar no amigo.
Josuel dos Santos Messia, 42, atingido de raspão na perna, foi liberado na terça. Um PM de folga também levou um tiro, mas passa bem.
O sequestro começou após o motorista alertar PMs sobre quatro homens suspeitos no ônibus. Eles tentaram fugir com os reféns, furaram dois bloqueios, mas se renderam.


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