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VIOLÊNCIA
Governo vai pedir US$ 1,6 bilhão ao Banco Mundial; para ministro da Justiça, situação no país é desesperante
Lula busca ajuda externa para a segurança
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal vai pedir ao
Bird (Banco Mundial), no primeiro semestre de 2004, um empréstimo de US$ 1,6 bilhão (R$ 4,64 bilhões). O dinheiro financiará o
funcionamento do Susp, o Sistema Único de Segurança Pública,
em todos os Estados brasileiros.
O Susp, entre outras ações, regulamentará o curso de formação
básica dos policiais, unificará os
sistemas de informação das polícias e criará parâmetros nacionais
de gestão para o setor.
Até ontem, das 27 unidades da
federação, 25 já haviam aderido
ao Susp. Maranhão e Pernambuco, segundo o ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça), vão aderir no fim deste mês.
O objetivo do Susp é aumentar a
eficiência das polícias e ampliar
investimentos em ações preventivas e em tecnologia, mais especificamente no que diz respeito às
polícias científicas. A Folha apurou que Thomaz Bastos já enviou
uma carta-consulta ao Ministério
da Fazenda, que é uma das etapas
que antecedem o pedido de financiamento. Depois disso, a solicitação precisará ser votada pelo
Congresso Nacional.
A justificativa do pedido de empréstimo -chamada de "assistência preparatória"- está sendo
escrita há pelo menos dois meses
por técnicos da Senasp (Secretaria
Nacional de Segurança Pública).
Essa justificativa -cujo formato segue normas internacionais-
só será concluída em cerca de cinco meses, quando as regras de
normatização do Susp tiverem sido elaboradas. Esse trabalho será
feito por técnicos contratados pelo Pnud (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento)
e pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). A assinatura do convênio para a contratação desses especialistas ocorreu ontem, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula participou da cerimônia,
mas não discursou. Estiveram
presentes Thomaz Bastos, Luiz
Eduardo Soares (Secretaria Nacional de Segurança Pública) e a
governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB-RJ).
Mágica
"A questão da segurança pública é tão desesperante no Brasil
que todos nós queremos encontrar um milagre, uma mágica, um
tiro de canhão que resolva de vez
o problema. Mas esse tiro não
existe", afirmou Thomaz Bastos.
Segundo ele, há várias providências que precisam ser tomadas ao mesmo tempo para tornar
o Brasil um país mais seguro. Ele
citou as áreas de administração
dos presídios e a reforma do Poder Judiciário. Thomaz Bastos foi
enfático ao afirmar que o endurecimento das leis penais não reduz
a violência. Para o ministro, é preciso uma "reforma radical" do Judiciário, da forma como o governo está prevendo realizar. "Enquanto não tivermos uma resposta judicial forte à violência, não teremos uma solução."
O ministro creditou parte da insegurança dos presídios à falta de
empenho da Justiça. "A situação
do sistema prisional, que é séria,
grave e difícil, só se resolverá
quando tivermos um Poder Judiciário que faça o controle material
da legalidade das penas, que esteja
perto dos presídios durante a execução penal [regime de cumprimento de penas]."
Ele comparou a situação da segurança a uma guerra. "É uma
guerra que não podemos perder.
Mas que só ganharemos se fizermos as coisas no tempo certo."
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