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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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VIOLÊNCIA

IML confirmou que corpo carbonizado no porta-malas do carro é de Victor Thiago, que desapareceu na segunda-feira

Polícia diz que primo matou estudante

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de 24 horas de incerteza, a análise da arcada dentária e vestígios de uma tatuagem fizeram o IML (Instituto Médico Legal) confirmar ontem que o corpo encontrado carbonizado no porta-malas de um carro é do estudante de direito Victor Thiago, 20, filho do dono de uma rede de óticas em São Paulo.
Ontem à noite, dois jovens -um deles primo da vítima- foram detidos sob suspeita de participar do crime. Seus nomes não foram divulgados pela polícia. O primo teria confessado a morte, segundo a Secretaria da Segurança Pública. Ele teria dito que tinha ciúmes do primo, que tinha mais dinheiro e conquistara uma ex-namorada sua.
O suspeito teria afirmado que pretendia tirar dinheiro do primo, mas que o matou porque teria sido reconhecido pela vítima.
"Posso estar enganado, mas o caso se trata de um homicídio. O pedido de resgate pode ser apenas um despiste", afirmou o diretor da DAS (Divisão Anti-Sequestro), da Polícia Civil, Wagner Giudice.
Antes de o corpo ser localizado, a família de Thiago recebeu duas ligações de um homem que pedia R$ 400 mil de resgate.
Segundo a polícia, o estudante foi visto pela última vez às 18h de segunda-feira, quando saiu do escritório do pai a caminho da academia de musculação, onde não chegou. Giudice disse que, por volta da meia-noite do mesmo dia, foram feitas as duas ligações para o celular do pai do estudante.
Três horas depois, o Astra do rapaz foi encontrado em chamas na rua Cipriano Barata, no Ipiranga (zona sul de São Paulo). O estudante estava no porta-malas.
Segundo Giudice, peritos do IML informaram que o estudante recebeu um tiro pelas costas, que atingiu seu ombro direito. Isso faz os peritos acreditarem que o estudante tenha sido morto antes de ser queimado. "Incendiar o carro com um corpo dentro, em um local povoado pode mostrar que o crime não foi planejado, como ocorre em um sequestro tradicional", afirmou o delegado.
Familiares do estudante não quiseram dar declarações. Thiago foi enterrado à tarde. Ele cursava o segundo ano de direito na Unip (Universidade Paulista). Frequentava a escola pela manhã e trabalhava com o pai à tarde.
Segundo Giudice, se confirmado o sequestro, Thiago pode ser o primeiro refém morto em 2003 no Estado de São Paulo. No ano passado, pelo menos três reféns foram assassinados: o prefeito de Santo André Celso Daniel e a dona-de-casa Rosana Melotti, em janeiro, e o comerciante Jakson Watari Komati, em agosto.


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