São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Quase metade das favelas tem tráfico em guerra

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse ontem que, nas 750 favelas do município do Rio, em pelo menos 328 (44%) há tráfico de drogas e disputa de poder entre facções.
Para garantir seus "espaços" e "conquistar" outros, os criminosos trocaram o revólver calibre 38 pelo fuzil, disse. O Rio é o Estado, diz, com mais armas de guerra circulando.
Conforme o secretário, de 1993 a 2003, houve 1.579 apreensões de fuzis, contra 38 de 1981 a 1992. Nesses períodos, foram apreendidos 22.402 revólveres calibre 38, contra 23.157, respectivamente.
A comparação mostra que a apreensão dos revólveres caiu 3,43% e a de fuzis, que praticamente inexistia, deu um salto.
Os números foram mostrados na conferência de Segurança Pública da Associação Internacional dos Chefes de Polícia, que acaba hoje no Rio.
O secretário afirmou ainda que as facções criminosas fluminenses estão mais bem estabelecidas e armadas que as paulistas.
"São o CV (Comando Vermelho), o TC (Terceiro Comando) e a ADA (Associação dos Amigos dos Amigos) que circulam em comunidades com a geografia acidentada. Em São Paulo, há só o PCC (Primeiro Comando da Capital). E não se vê traficantes com armas de guerra de maneira tão ostensiva."
Ele lembrou que crianças e adolescentes têm grande participação nas facções cariocas. De janeiro a julho, 640 garotos foram apreendidos. No flagrante, 192, ou 30%, estavam com armas. Destes, 89% (171) portavam armas de fogo. "É lamentável, mas eles já sabem que vão morrer com no máximo 24 ou 26 anos."
Beltrame destacou ainda que o crime organizado diversificou seus "negócios" -falou em caça-níqueis, venda de gás, transporte alternativo e TV a cabo clandestina. "Isso criou um viés a mais para a corrupção policial."


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