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Desgastado, chefe da Polícia Civil deixa cargo
Mário Jordão Toledo Leme saiu após divergências com o secretário da Segurança; substituto começou carreira no Dops
No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação era a de que faltava agilidade a Leme na apuração de denúncias envolvendo policiais
GILMAR PENTEADO
ANDRÉ CARAMANTE
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo José Serra (PSDB)
substituiu ontem o delegado
Mário Jordão Toledo Leme do
comando da Polícia Civil de São
Paulo. Ele pediu demissão após
sofrer desgaste por denúncias
de corrupção envolvendo
membros da corporação e por
divergências com o secretário
estadual da Segurança Pública,
Ronaldo Marzagão.
Em seu lugar foi nomeado o
delegado Maurício José Lemos
Freire, diretor do Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos). Na polícia
desde 1977, ele começou como
investigador no Dops (Departamento de Ordem e Política
Social), órgão de repressão da
ditadura militar. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, ele apenas trabalhava no setor de segurança de vôo
e controle de imigração do aeroporto de Congonhas.
Leme era delegado-geral desde janeiro. Ontem, Marzagão
disse que Leme alegou "foro íntimo". "Os motivos só ele [Leme] pode declinar", afirmou.
O ex-delegado-geral não foi
localizado. Segundo integrantes do governo, Marzagão se
queixava da insubordinação de
Leme. O delegado teria contrariado até o governador José
Serra no dia nacional de segurança, em junho, ao monopolizar uma megaoperação articulada pelo Conselho Nacional
dos Chefes da Polícia Civil. Leme é presidente da entidade.
No Palácio dos Bandeirantes,
a avaliação era que faltava agilidade na apuração de denúncias. A Corregedoria investiga
92 policiais por suspeita de envolvimento com caça-níqueis.
Sob denúncias e hostilizado
também pelo colégio de delegados, Leme procurou o secretário na quinta-feira. Na mesma
tarde, novo desgaste: o governo
era questionado pela imprensa
sobre a aprovação em concurso
para ser professor da Academia
da Polícia Civil do delegado André Di Rissio Barbosa, acusado
de crimes como falsidade ideológica, uso de documentos falsos e corrupção ativa.
Ainda na quinta, Marzagão
submeteu o pedido a Serra. O
governador nada fez para mantê-lo. Sem ignorar a incompatibilidade dos dois, deixou a decisão nas mãos de Marzagão. O
secretário aceitou o pedido.
O próprio Leme esteve relacionado a uma denúncia de irregularidade. Em julho, a Folha revelou que era sócio de uma empresa de segurança.
Após a reportagem, ele disse
que sairia da empresa.
Ontem, o novo delegado-geral evitou criticar Leme, mas
disse que vai reforçar o trabalho da Corregedoria. Questionado, disse não ser sócio de empresa de segurança. "Eu me dedico exclusivamente à polícia."
Freire é tido na polícia como
um "operacional", ou seja, com
experiência nas ruas.
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