São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Desgastado, chefe da Polícia Civil deixa cargo

Mário Jordão Toledo Leme saiu após divergências com o secretário da Segurança; substituto começou carreira no Dops

No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação era a de que faltava agilidade a Leme na apuração de denúncias envolvendo policiais

GILMAR PENTEADO
ANDRÉ CARAMANTE
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo José Serra (PSDB) substituiu ontem o delegado Mário Jordão Toledo Leme do comando da Polícia Civil de São Paulo. Ele pediu demissão após sofrer desgaste por denúncias de corrupção envolvendo membros da corporação e por divergências com o secretário estadual da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão.
Em seu lugar foi nomeado o delegado Maurício José Lemos Freire, diretor do Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos). Na polícia desde 1977, ele começou como investigador no Dops (Departamento de Ordem e Política Social), órgão de repressão da ditadura militar. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, ele apenas trabalhava no setor de segurança de vôo e controle de imigração do aeroporto de Congonhas.
Leme era delegado-geral desde janeiro. Ontem, Marzagão disse que Leme alegou "foro íntimo". "Os motivos só ele [Leme] pode declinar", afirmou.
O ex-delegado-geral não foi localizado. Segundo integrantes do governo, Marzagão se queixava da insubordinação de Leme. O delegado teria contrariado até o governador José Serra no dia nacional de segurança, em junho, ao monopolizar uma megaoperação articulada pelo Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil. Leme é presidente da entidade.
No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação era que faltava agilidade na apuração de denúncias. A Corregedoria investiga 92 policiais por suspeita de envolvimento com caça-níqueis.
Sob denúncias e hostilizado também pelo colégio de delegados, Leme procurou o secretário na quinta-feira. Na mesma tarde, novo desgaste: o governo era questionado pela imprensa sobre a aprovação em concurso para ser professor da Academia da Polícia Civil do delegado André Di Rissio Barbosa, acusado de crimes como falsidade ideológica, uso de documentos falsos e corrupção ativa.
Ainda na quinta, Marzagão submeteu o pedido a Serra. O governador nada fez para mantê-lo. Sem ignorar a incompatibilidade dos dois, deixou a decisão nas mãos de Marzagão. O secretário aceitou o pedido.
O próprio Leme esteve relacionado a uma denúncia de irregularidade. Em julho, a Folha revelou que era sócio de uma empresa de segurança. Após a reportagem, ele disse que sairia da empresa.
Ontem, o novo delegado-geral evitou criticar Leme, mas disse que vai reforçar o trabalho da Corregedoria. Questionado, disse não ser sócio de empresa de segurança. "Eu me dedico exclusivamente à polícia."
Freire é tido na polícia como um "operacional", ou seja, com experiência nas ruas.


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