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Repetição de merendas sofre controle, afirma relatório
DA REPORTAGEM LOCAL
Desvio de servidores municipais para ajudar no preparo da
merenda, facilidade das terceirizadas em manipular a comida
com itens mais baratos e até
um controle mais severo das
repetições pelos alunos são
pontos citados em relatórios
parciais da Fipe sobre as empresas contratadas pela prefeitura para fornecer as refeições.
Eles constam de documentos
aos quais a Folha teve acesso,
preparados por técnicos do instituto ligado à USP que vistoriaram em torno de 20 unidades no primeiro semestre, como parte de um estudo encomendado pela gestão Kassab.
Num dos relatórios, a Fipe
cita que "nas escolas com merenda direta [preparada pelos
servidores municipais] as repetições são livres até terminar a
quantidade preparada", enquanto nas terceirizadas "são
severamente controladas".
A Secretaria de Gestão diz
que todos os alunos podem repetir à vontade -embora, no
caso das creches e Emeis, a empresa não seja remunerada se a
criança quiser mais comida.
A nutricionista Joana d'Arc
Mura, que é funcionária da
prefeitura e, ao mesmo tempo,
faz consultoria para a Aberc
(Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas),
adota um discurso diferente.
"Não se pode colocar um monte porque aumenta a capacidade gástrica das crianças", diz.
Em uma Emef com 1.185 alunos, pesquisadores da Fipe
apontaram no dia 22 de março
haver "desvio de funcionários
para ajudar na merenda, mesmo sendo terceirizada". A empresa Coan ganhava pelo fornecimento da mão-de-obra,
mas agentes escolares tinham
que ajudá-la na função.
Outros "pontos críticos" citados pela Fipe: "facilidade da
contratada em manipular a
composição das refeições de
acordo com itens mais baratos"; "qualidade dos alimentos"; e "manutenção de equipamentos insuficiente e morosa".
Os técnicos da Fipe também
citaram alguns pontos positivos da merenda sob controle
privado, como "acompanhamento mais freqüente do nutricionista" e "redução do trabalho do diretor e de sua equipe, otimizando funções".
O secretário de Gestão, Januário Montone, diz que se trata de um estudo parcial, que ele
não é conclusivo e que muitos
problemas já foram solucionados nos novos contratos válidos a partir de 10 de julho.
Afirma que há erros em cálculos de custos e que a "a nossa
equipe técnica recusou um relatório que a Fipe apresentou
como conclusão desse trabalho" e pediu que fosse refeito.
Roberto Stern, da Fipe, diz
que os relatórios parciais são
"aspectos observados", mas
que "falta rever e discutir detalhes de custos" para concluir a
pesquisa. Um relatório preliminar viu diferenças de preços
por refeição terceirizada superiores a 100% em relação ao
modelo de gestão direta.
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