São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Repetição de merendas sofre controle, afirma relatório

DA REPORTAGEM LOCAL

Desvio de servidores municipais para ajudar no preparo da merenda, facilidade das terceirizadas em manipular a comida com itens mais baratos e até um controle mais severo das repetições pelos alunos são pontos citados em relatórios parciais da Fipe sobre as empresas contratadas pela prefeitura para fornecer as refeições.
Eles constam de documentos aos quais a Folha teve acesso, preparados por técnicos do instituto ligado à USP que vistoriaram em torno de 20 unidades no primeiro semestre, como parte de um estudo encomendado pela gestão Kassab.
Num dos relatórios, a Fipe cita que "nas escolas com merenda direta [preparada pelos servidores municipais] as repetições são livres até terminar a quantidade preparada", enquanto nas terceirizadas "são severamente controladas".
A Secretaria de Gestão diz que todos os alunos podem repetir à vontade -embora, no caso das creches e Emeis, a empresa não seja remunerada se a criança quiser mais comida.
A nutricionista Joana d'Arc Mura, que é funcionária da prefeitura e, ao mesmo tempo, faz consultoria para a Aberc (Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas), adota um discurso diferente. "Não se pode colocar um monte porque aumenta a capacidade gástrica das crianças", diz.
Em uma Emef com 1.185 alunos, pesquisadores da Fipe apontaram no dia 22 de março haver "desvio de funcionários para ajudar na merenda, mesmo sendo terceirizada". A empresa Coan ganhava pelo fornecimento da mão-de-obra, mas agentes escolares tinham que ajudá-la na função.
Outros "pontos críticos" citados pela Fipe: "facilidade da contratada em manipular a composição das refeições de acordo com itens mais baratos"; "qualidade dos alimentos"; e "manutenção de equipamentos insuficiente e morosa".
Os técnicos da Fipe também citaram alguns pontos positivos da merenda sob controle privado, como "acompanhamento mais freqüente do nutricionista" e "redução do trabalho do diretor e de sua equipe, otimizando funções".
O secretário de Gestão, Januário Montone, diz que se trata de um estudo parcial, que ele não é conclusivo e que muitos problemas já foram solucionados nos novos contratos válidos a partir de 10 de julho.
Afirma que há erros em cálculos de custos e que a "a nossa equipe técnica recusou um relatório que a Fipe apresentou como conclusão desse trabalho" e pediu que fosse refeito.
Roberto Stern, da Fipe, diz que os relatórios parciais são "aspectos observados", mas que "falta rever e discutir detalhes de custos" para concluir a pesquisa. Um relatório preliminar viu diferenças de preços por refeição terceirizada superiores a 100% em relação ao modelo de gestão direta.


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