São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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FAUSTIN VON WOLFFENBÜTTEL (1940-2008)

A imprensa livre de Fausto Wolff

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira barreira se ergueu quando o garoto de Santo Ângelo (RS) ganhou o impronunciável nome de Faustin von Wolffenbüttel.
Para facilitar a vida de quem pretendesse chamá-lo, tornou-se Fausto Wolff.
A segunda foi a pobreza. O fato de ter estudado somente até a quinta série, porém, não o impediu de conquistar em 1997 o prêmio Jabuti pelo romance "À Mão Esquerda".
Autodidata e sem dinheiro, roubava livros quando moleque. Quando tentou surrupiar outra coisa, foi repreendido pelo dono da livraria: "Livro pode, baralho não".
Há quatro anos, estranhou não entender nada do que lia no computador. Gritou "passarinho", apelido que deu a Mônica, a mulher, e avisou que havia desaprendido a ler e a escrever. Teve um AVC (acidente vascular cerebral).
Com um dia de UTI, fugiu do hospital. Foi ao boteco, comeu um sanduíche de pernil, bebeu conhaque e fumou. Terminou na casa do amigo Millôr Fernandes, que o convenceu a voltar ao hospital.
Sua saúde foi piorando a partir daquele ano. Com passagens por "O Pasquim", "O Globo", "Cruzeiro" e "Manchete", Fausto tinha uma coluna no "Jornal do Brasil". Polêmico, dizia-se um representante do proletariado dentro da imprensa.
Aos 68, morreu no Rio, na sexta, de insuficiência respiratória. O autor de "A Imprensa Livre de Fausto Wolff" foi casado nove vezes e teve duas filhas. Como pediu em poema, foi cremado.

obituario@folhasp.com.br


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