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Vítimas de tornado em SC agora temem saques nas casas
Após perderem tudo, famílias pensam em abandonar a agropecuária, principal atividade da cidade de Guaraciaba
Desastre matou quatro pessoas e danificou cerca
de 70% dos imóveis do município, que decretou estado de calamidade pública
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARACIABA
Famílias atingidas pela passagem de um tornado em Guaraciaba (708 km de Florianópolis), na última terça-feira, pensam em abandonar a agropecuária, principal atividade econômica do município, após perderem tudo no desastre.
Entre os moradores, é grande
o medo de saques a casas danificadas. O desastre matou quatro pessoas e danificou cerca de
70% dos imóveis do município.
Na cidade, que decretou estado de calamidade pública, só as
quatro escolas atingidas somam danos de R$ 2 milhões.
O aviário onde Isair Francisco Carussi, 52, criava cerca de
40 mil frangos para corte ficou
completamente destruído, e todos os animais morreram.
"Não tenho como refazer tudo o que tinha. Depois de ajeitar minha casa, vou procurar
um emprego. Agora, ganhando
para comer basta", diz Carussi.
Onde existia o galpão em que
Otávio Antônio Isotton, 77,
criava 370 porcos, ontem só
restavam pedaços de madeira.
Os animais que conseguiram se
salvar do desabamento já foram vendidos. "Não sei o que
vou fazer, estou sem o galpão e
o paiol. Não tenho mais como
ter uma criação", contou.
O criador Ércio Santin, 45,
disse estar preocupado com a
venda de leite das cinco vacas
que restaram em sua propriedade. Outras duas morreram.
Após o tornado, não apareceram os compradores dos cem
litros produzidos diariamente.
Pela cidade, há muitas casas
em que só o banheiro permanece em pé, por ser o único cômodo construído com concreto
-o resto tinha madeira como
base. Os poucos imóveis que
sobraram estão cobertos por
lonas plásticas.
As famílias desalojadas não
estão procurando os abrigos da
prefeitura por terem medo de
saques em suas casas. A Polícia
Civil disse que só houve duas
tentativas de saques a mercados em municípios vizinhos. O
policiamento nas áreas afetadas foi reforçado.
"É melhor ficar aqui pois fiquei sabendo que estão roubando algumas casas, principalmente os eletrodomésticos", disse o agricultor Alfredo
Kinzel, 64, que estava com a
mulher e o filho na casa que ficou totalmente destelhada. Em
outra casa, 11 pessoas se acomodaram no que foi o térreo.
Sem telhado, todos os cômodos
estavam molhados. "Estamos
vivos. É o que importa", diz a
servente Sandra Isotton, 32.
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