São Paulo, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

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Vítimas de tornado em SC agora temem saques nas casas

Após perderem tudo, famílias pensam em abandonar a agropecuária, principal atividade da cidade de Guaraciaba

Desastre matou quatro pessoas e danificou cerca de 70% dos imóveis do município, que decretou estado de calamidade pública


RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARACIABA

Famílias atingidas pela passagem de um tornado em Guaraciaba (708 km de Florianópolis), na última terça-feira, pensam em abandonar a agropecuária, principal atividade econômica do município, após perderem tudo no desastre.
Entre os moradores, é grande o medo de saques a casas danificadas. O desastre matou quatro pessoas e danificou cerca de 70% dos imóveis do município.
Na cidade, que decretou estado de calamidade pública, só as quatro escolas atingidas somam danos de R$ 2 milhões.
O aviário onde Isair Francisco Carussi, 52, criava cerca de 40 mil frangos para corte ficou completamente destruído, e todos os animais morreram.
"Não tenho como refazer tudo o que tinha. Depois de ajeitar minha casa, vou procurar um emprego. Agora, ganhando para comer basta", diz Carussi.
Onde existia o galpão em que Otávio Antônio Isotton, 77, criava 370 porcos, ontem só restavam pedaços de madeira. Os animais que conseguiram se salvar do desabamento já foram vendidos. "Não sei o que vou fazer, estou sem o galpão e o paiol. Não tenho mais como ter uma criação", contou.
O criador Ércio Santin, 45, disse estar preocupado com a venda de leite das cinco vacas que restaram em sua propriedade. Outras duas morreram. Após o tornado, não apareceram os compradores dos cem litros produzidos diariamente.
Pela cidade, há muitas casas em que só o banheiro permanece em pé, por ser o único cômodo construído com concreto -o resto tinha madeira como base. Os poucos imóveis que sobraram estão cobertos por lonas plásticas.
As famílias desalojadas não estão procurando os abrigos da prefeitura por terem medo de saques em suas casas. A Polícia Civil disse que só houve duas tentativas de saques a mercados em municípios vizinhos. O policiamento nas áreas afetadas foi reforçado.
"É melhor ficar aqui pois fiquei sabendo que estão roubando algumas casas, principalmente os eletrodomésticos", disse o agricultor Alfredo Kinzel, 64, que estava com a mulher e o filho na casa que ficou totalmente destelhada. Em outra casa, 11 pessoas se acomodaram no que foi o térreo. Sem telhado, todos os cômodos estavam molhados. "Estamos vivos. É o que importa", diz a servente Sandra Isotton, 32.


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