São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

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Choque entre aves e aviões dobra nos céus do Brasil em cinco anos

Em 2010, ocorreram 2,7 colisões por dia, que aumentam por causa do lixo vizinho das pistas

Problema entrou para valer na prioridade do setor aéreo depois do acidente em NY, em 2009, no rio Hudson

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Aviões e pássaros estão se encontrando muito mais nos céus do país. Nos últimos cinco anos, o número de choques dobrou. Foram quase mil em 2010 -2,7 por dia. A frota comercial do país cresceu 13% no mesmo período.
O caso do Galeão, no Rio, é emblemático. Ele pode ser extrapolado para todos os grandes aeroportos do país. E mostra o motivo deste crescimento de colisões.
O entorno da pista está repleto de focos de poluição, como o lixão de Gramacho e as águas sujas da baía de Guanabara. São cenários propícios para o banquete de garças e de urubus.
De acordo com um comandante da TAM, que prefere o anonimato, os pilotos de outros países, por causa das aves, costumam classificar o Galeão como um dos piores aeroportos do mundo para decolar ou pousar.
"Mas os problemas dos lixões, da falta de saneamento básico e da ocupação irregular existem em vários outros [aeroportos]", diz. Relatórios internos da TAM, a maior companhia aérea do país, mostram que em 2011 houve um choque por dia entre seus aviões e pássaros no espaço aéreo nacional.
De acordo com o relatório mais recente do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes), com dados de 2010, o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), é o campeão de colisões.
Foram reportados 56 acidentes no local. O risco é maior, mostram os dados, durante a decolagem. E, na maioria das vezes, os pássaros entram no motor do avião.
Viracopos, Brasília, Porto Alegre e outros aeroportos têm mais um problema. Além da poluição, existem reservas naturais no entorno desses locais, o que aumenta a incidência de aves na região.
Como os relatos dos choques não são obrigatórios no Brasil, o número de ocorrências pode ser até três vezes maior, estima o setor aéreo.
Apesar de no Brasil não ter sido registrado nenhum acidente grave até hoje, o risco é alto dizem pilotos.


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