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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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TURISMO

Bilhetes seriam comprados por 10% do valor original

Polícia investiga venda em agências de viagens de passagens roubadas

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma investigação da Polícia Civil do Rio descobriu que passagens para vôos internacionais da Varig roubadas em julho de uma loja da empresa em São Paulo estão sendo vendidas por agências de viagens no Rio de Janeiro e na capital paulista.
Os bilhetes fraudulentos são comercializados a 10% do valor original. Ninguém foi preso até agora. Uma agência foi fechada.
O roubo de mil passagens ocorreu em 28 de julho.
Responsável pelo inquérito aberto no Rio, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Propriedade Imaterial já detectou a venda de três dessas passagens, mas suspeita que a comercialização possa estar sendo feita em larga escala. Pelo menos uma pessoa que comprou um desses bilhetes conseguiu embarcar.
O inquérito foi aberto depois que um empresário de Engenheiro Paulo de Frontin (cidade a 86 km do Rio) apresentou, em 25 de agosto, uma passagem Rio-Lisboa-Amsterdã-Damasco no guichê da TAP no Aeroporto Internacional Tom Jobim. O funcionário constatou que a reserva foi feita no número de série 042-8998785422, cujo prefixo é específico da Varig. A TAP acionou a Varig, que constatou que o número fazia parte do lote roubado.
A Varig chamou a polícia, que descobriu que a reserva fora feita pela agência Copa Tur Turismo, em Copacabana (zona sul), que acabou fechada. A passagem, que custava US$ 6.296, foi vendida a US$ 700, segundo a polícia.
Em 10 de setembro, no Aeroporto de Cumbica (SP), um passageiro embarcou no vôo 815 (São Paulo-Madrid-Lisboa-São Paulo) da Varig. Após o embarque, a empresa percebeu que a passagem tinha o número de série 042-8998954213, incluído entre os roubados. Segundo a polícia, a reserva foi feita por uma agência da capital paulista, cujo nome é mantido em sigilo.
No inquérito consta também que, em 16 de setembro, uma mulher, em Fortaleza, tentou embarcar para Lisboa pela Varig com uma passagem falsa. Segundo a polícia, a empresa só descobriu que o bilhete era fraudulento quando ela já estava no avião. Como tinha pago mais barato, a mulher acertou a diferença e viajou. O bilhete, cujo número era 042-38542162234, também fora vendido pela Copa Tur Turismo.
O inspetor Nelson Andrade afirmou que uma quadrilha interestadual é responsável pela distribuição das passagens roubadas para as agências. Para ele, as pessoas que compraram as passagens e funcionários da Varig podem estar envolvidos no golpe.
A Varig informou que possui um Comitê de Prevenção às Fraudes, que repassa os casos de bilhetes roubados à polícia. A empresa afirmou desconhecer o envolvimento de funcionários. A Associação Brasileira de Agências de Viagens afirmou não ter sido informada pela polícia da venda de passagens roubadas. A Folha não conseguiu localizar os proprietários da Copa Tur Turismo.


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