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TURISMO
Bilhetes seriam comprados por 10% do valor original
Polícia investiga venda em agências de viagens de passagens roubadas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Uma investigação da Polícia Civil do Rio descobriu que passagens para vôos internacionais da
Varig roubadas em julho de uma
loja da empresa em São Paulo estão sendo vendidas por agências
de viagens no Rio de Janeiro e na
capital paulista.
Os bilhetes fraudulentos são comercializados a 10% do valor original. Ninguém foi preso até agora. Uma agência foi fechada.
O roubo de mil passagens ocorreu em 28 de julho.
Responsável pelo inquérito
aberto no Rio, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Propriedade Imaterial já detectou a
venda de três dessas passagens,
mas suspeita que a comercialização possa estar sendo feita em larga escala. Pelo menos uma pessoa
que comprou um desses bilhetes
conseguiu embarcar.
O inquérito foi aberto depois
que um empresário de Engenheiro Paulo de Frontin (cidade a 86
km do Rio) apresentou, em 25 de
agosto, uma passagem Rio-Lisboa-Amsterdã-Damasco no guichê da TAP no Aeroporto Internacional Tom Jobim. O funcionário constatou que a reserva foi feita no número de série 042-8998785422, cujo prefixo é específico da Varig. A TAP acionou a
Varig, que constatou que o número fazia parte do lote roubado.
A Varig chamou a polícia, que
descobriu que a reserva fora feita
pela agência Copa Tur Turismo,
em Copacabana (zona sul), que
acabou fechada. A passagem, que
custava US$ 6.296, foi vendida a
US$ 700, segundo a polícia.
Em 10 de setembro, no Aeroporto de Cumbica (SP), um passageiro embarcou no vôo 815 (São
Paulo-Madrid-Lisboa-São Paulo)
da Varig. Após o embarque, a empresa percebeu que a passagem tinha o número de série 042-8998954213, incluído entre os
roubados. Segundo a polícia, a reserva foi feita por uma agência da
capital paulista, cujo nome é
mantido em sigilo.
No inquérito consta também
que, em 16 de setembro, uma mulher, em Fortaleza, tentou embarcar para Lisboa pela Varig com
uma passagem falsa. Segundo a
polícia, a empresa só descobriu
que o bilhete era fraudulento
quando ela já estava no avião. Como tinha pago mais barato, a mulher acertou a diferença e viajou.
O bilhete, cujo número era 042-38542162234, também fora vendido pela Copa Tur Turismo.
O inspetor Nelson Andrade
afirmou que uma quadrilha interestadual é responsável pela distribuição das passagens roubadas
para as agências. Para ele, as pessoas que compraram as passagens e funcionários da Varig podem estar envolvidos no golpe.
A Varig informou que possui
um Comitê de Prevenção às Fraudes, que repassa os casos de bilhetes roubados à polícia. A empresa
afirmou desconhecer o envolvimento de funcionários. A Associação Brasileira de Agências de
Viagens afirmou não ter sido informada pela polícia da venda de
passagens roubadas. A Folha não
conseguiu localizar os proprietários da Copa Tur Turismo.
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