São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

Próximo Texto | Índice

TRÂNSITO

Prefeitura decide criar pista adicional em trecho da avenida, mas reduz largura de 3,50 metros para 2,6 metros

Serra espreme faixas da avenida 23 de Maio

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Motoqueiro tenta ultrapassar veículos na 23 de Maio, em trecho que passou a ter cinco faixas com largura reduzida de 3,5 m para 2,6 m


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo José Serra (PSDB) começou a fazer uma faixa adicional em um trecho de quase três quilômetros da avenida 23 de Maio, principal ligação entre as zonas norte e sul de São Paulo.
A medida foi acompanhada do estreitamento das faixas existentes, situação que dificulta a passagem das motos entre os carros e divide especialistas sobre seus efeitos na fluidez e na segurança.
A mudança, iniciada na semana passada, será concluída no dia 15 e vai do viaduto Euclides Figueiredo, nas proximidades da sede do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), ao viaduto Pedroso, no sentido aeroporto de Congonhas-centro de São Paulo.
A nova disposição dos carros na pista já começou a ser demarcada no asfalto, ampliando de quatro para cinco a quantidade de faixas de rolamento, num dos trechos mais congestionados da via.
A largura das faixas, entretanto, que era de 3,50 metros, caiu para 2,65 metros em quatro delas e para 3,20 metros na da direita, onde passam os ônibus. Ou seja, houve diminuição significativa do espaço lateral entre cada automóvel -onde os motoboys costumam passar em alta velocidade.

Perigo
"O perigo aumentou muito, ficou apertado demais. Os motoqueiros não vão querer ficar em fila indiana", afirmou Antônio José Brilhante, presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo.
"As motos já passam grudadas na gente. Agora, que ficou mais estreito, não vai sobrar retrovisor", disse Natalício Bezerra, presidente do sindicato dos taxistas.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) defende a medida sob a alegação de que vai ampliar em 20% a capacidade da via, melhorando a fluidez, e reduzir os acidentes porque as motos não andarão em alta velocidade.
O estreitamento das faixas atinge mais de metade dos 5,3 km da av. 23 de Maio, por onde passam 1.200 motos nos horários de pico e 230 mil veículos diariamente.
Estatísticas da gestão tucana apontam que, em maio de 2005, houve 35 acidentes com vítimas atendidos pela CET no corredor inteiro (que abrange ainda a Rubem Berta, Moreira Guimarães e Washington Luís), dos quais 33 envolviam motociclistas.

Máxima utilização
O estreitamento de faixas faz parte de um procedimento batizado de "máxima utilização do leito viário", que já tinha sido adotado em outras avenidas em anos anteriores, como na Radial Leste e na Rebouças. A av. dos Bandeirantes tem projeto semelhante.
Pelo padrão internacional, as faixas de rolamento costumam ter de 3,00 metros a 3,50 metros, mas especialistas avaliam que, dependendo da velocidade, pode haver redução em áreas urbanas.
A mudança implantada na 23 de Maio deve diminuir a circulação de motos na via. A CET estuda, inclusive, restrições mais drásticas para esses veículos no local. A gestão tucana já havia anunciado que planeja também a proibição das motos na pista expressa das marginais Tietê e Pinheiros.
O estreitamento das faixas, ao dificultar a passagem das motos entre os carros, retoma uma discussão entre técnicos desde a implantação do novo Código de Trânsito Brasileiro, de 1998.
Um artigo da lei proibia as motos de circular nos corredores entre os demais veículos -elas rodariam na faixa normal. Mas ele foi vetado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.


Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.