São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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CAMUFLAGEM

Criminosos do centro do Rio contratam vendedoras para confundir policiais

Tráfico usa mulher para despistar PM

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Para confundir os policiais, traficantes dos morros de Santa Teresa e do centro do Rio de Janeiro têm contratado mulheres para trabalhar como vendedoras nos "esticas" -postos avançados de bocas-de-fumo das favelas montados nas ruas da Lapa, uma das regiões turísticas da cidade.
No sábado, policiais militares prenderam 21 pessoas por consumo de drogas, adquiridas nos "esticas", na rua Joaquim Silva, próxima aos Arcos da Lapa, um dos marcos da região. Nenhum traficante foi preso.
Nas noites dos últimos finais de semana, traficantes montaram uma "feira do pó" na rua Joaquim Silva e na escadaria do Convento de Santa Teresa. Eles anunciavam o preço da cocaína aos turistas.
"Os traficantes ficam infiltrados no meio das ruas junto aos turistas e freqüentadores dos bares. Raramente os vendedores têm um lugar fixo. Com a prisão dos homens, os traficantes estão contratando mulheres para tentar driblar a perseguição", disse o tenente-coronel Alexandre Siqueira, comandante do 13º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela região da Lapa.
O crescimento de traficantes mulheres levou o comandante do batalhão a incluir policiais femininas no grupamento do serviço reservado -essas policiais não usam a farda da PM.
Na sexta-feira, elas vão participar de uma blitz na Lapa, quando a polícia também vai reprimir o trabalho dos vendedores ambulantes de bebidas e dos flanelinhas. Segundo o comandante, alguns também vendem drogas.
"Nos últimos três meses já prendemos mulheres levando drogas em carrinho de bebê. Outras tinham crianças de colo. Sempre temos muita dificuldades para prender as mulheres. Elas não podem ser revistadas por homens, sabem disso e muitas vezes conseguem jogar a droga fora até chegar à delegacia, onde fazemos as revistas", disse.
De acordo com Siqueira, cinco mulheres foram presas por tráfico desde julho na região. O número representa 10% no total de prisões no período pelo crime -49 homens foram levados por policiais nos últimos três meses.

"Corredor iluminado"
A Accra (Associação dos Comerciantes do Centro do Rio Antigo) apresentou ao subprefeito da região um projeto de criar ""um corredor iluminado" na área para "aumentar a sensação de segurança". O programa pretende reduzir a venda de drogas e os assaltos durante a noite no centro histórico do Rio. A área engloba a Lapa, a Cinelândia, o Passeio Público e a praça Tiradentes.
"Acreditamos que uma boa iluminação em toda a região já possa facilitar muito o acesso dos freqüentadores e o trabalho da polícia. Queremos uma aumento da intensidade da luz em alguns pontos críticos e a poda constante de árvores", disse Plínio Froes, diretor da Accra e dono de uma badalada casa noturna da região.
O centro histórico do Rio está sendo revitalizado há cerca de dez anos por empresários da noite e, recentemente, pela prefeitura.
"Isso é um problema social de quase toda grande cidade do mundo. As drogas acabam vindo junto. Mesmo assim, acredito que uma ação em conjunto das autoridades possa reduzir bastante tudo isso", disse o subprefeito do centro histórico, Roberto Rocco.


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