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CAMUFLAGEM
Criminosos do centro do Rio contratam vendedoras para confundir policiais
Tráfico usa mulher para despistar PM
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Para confundir os policiais, traficantes dos morros de Santa Teresa e do centro do Rio de Janeiro
têm contratado mulheres para
trabalhar como vendedoras nos
"esticas" -postos avançados de
bocas-de-fumo das favelas montados nas ruas da Lapa, uma das
regiões turísticas da cidade.
No sábado, policiais militares
prenderam 21 pessoas por consumo de drogas, adquiridas nos "esticas", na rua Joaquim Silva, próxima aos Arcos da Lapa, um dos
marcos da região. Nenhum traficante foi preso.
Nas noites dos últimos finais de
semana, traficantes montaram
uma "feira do pó" na rua Joaquim
Silva e na escadaria do Convento
de Santa Teresa. Eles anunciavam
o preço da cocaína aos turistas.
"Os traficantes ficam infiltrados
no meio das ruas junto aos turistas e freqüentadores dos bares.
Raramente os vendedores têm
um lugar fixo. Com a prisão dos
homens, os traficantes estão contratando mulheres para tentar
driblar a perseguição", disse o tenente-coronel Alexandre Siqueira, comandante do 13º Batalhão
de Polícia Militar, responsável pela região da Lapa.
O crescimento de traficantes
mulheres levou o comandante do
batalhão a incluir policiais femininas no grupamento do serviço reservado -essas policiais não
usam a farda da PM.
Na sexta-feira, elas vão participar de uma blitz na Lapa, quando
a polícia também vai reprimir o
trabalho dos vendedores ambulantes de bebidas e dos flanelinhas. Segundo o comandante, alguns também vendem drogas.
"Nos últimos três meses já
prendemos mulheres levando
drogas em carrinho de bebê. Outras tinham crianças de colo.
Sempre temos muita dificuldades
para prender as mulheres. Elas
não podem ser revistadas por homens, sabem disso e muitas vezes
conseguem jogar a droga fora até
chegar à delegacia, onde fazemos
as revistas", disse.
De acordo com Siqueira, cinco
mulheres foram presas por tráfico
desde julho na região. O número
representa 10% no total de prisões
no período pelo crime -49 homens foram levados por policiais
nos últimos três meses.
"Corredor iluminado"
A Accra (Associação dos Comerciantes do Centro do Rio Antigo) apresentou ao subprefeito
da região um projeto de criar ""um
corredor iluminado" na área para
"aumentar a sensação de segurança". O programa pretende reduzir a venda de drogas e os assaltos durante a noite no centro histórico do Rio. A área engloba a
Lapa, a Cinelândia, o Passeio Público e a praça Tiradentes.
"Acreditamos que uma boa iluminação em toda a região já possa
facilitar muito o acesso dos freqüentadores e o trabalho da polícia. Queremos uma aumento da
intensidade da luz em alguns
pontos críticos e a poda constante
de árvores", disse Plínio Froes, diretor da Accra e dono de uma badalada casa noturna da região.
O centro histórico do Rio está
sendo revitalizado há cerca de dez
anos por empresários da noite e,
recentemente, pela prefeitura.
"Isso é um problema social de
quase toda grande cidade do
mundo. As drogas acabam vindo
junto. Mesmo assim, acredito que
uma ação em conjunto das autoridades possa reduzir bastante tudo isso", disse o subprefeito do centro histórico, Roberto Rocco.
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