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Motorista estava a 130 km/h, diz polícia
Caminhão trafegava em alta velocidade ao furar bloqueio; a um PM, Rosinei Ferrari disse estar "em choque" e não falou sobre acidente
Entre mortos no 2º acidente estão passageiros que esperavam resgate quando carros atingidos pelo caminhão caíram sobre eles
Jorge Hajdasz/Agência RBS
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Vítima de acidente é socorrida em SC; 27 pessoas morreram |
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CHAPECÓ
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
O caminhão que provocou o
segundo acidente na BR-282
trafegava na contramão para
evitar o congestionamento e
passou pelo bloqueio a 130
km/h, segundo a polícia. A ação
resultou em 20 mortes. O bloqueio havia sido feito justamente para o resgate das vítimas do primeiro acidente, em que sete pessoas morreram anteontem em Descanso (SC).
O motorista Rosinei Ferrari,
28, foi autuado em flagrante
por homicídio doloso (com intenção de matar). Ele teve sua
prisão preventiva decretada
-que deverá ser cumprida
quando receber alta do hospital
onde está internado.
O primeiro acidente ocorreu
por volta das 19h30, no km 630.
Um caminhão Volvo, carregado
de soja, trafegava pela rodovia
no sentido São Miguel d'Oeste-Chapecó quando tentou ultrapassar um caminhão Scania em
uma curva. Depois de raspar a
lateral do veículo, o Volvo bateu
de frente com um ônibus que
vinha no sentido contrário.
O ônibus, da WRTur, transportava 45 pessoas para São José do Cedro. Os dois veículos
caíram em uma ribanceira, de
uma altura de 30 metros.
Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da
Polícia Rodoviária Federal chegaram ao local para fazer o resgate. Os dois sentidos da pista
foram interditados.
Sete pessoas morreram -o
motorista do ônibus e dois passageiros e a família do motorista da carreta. Segundo a PRF,
Marco Aurélio Matthes, 39, levava a mulher, de 38 anos, e os
dois filhos, de quatro e dois
anos, na cabine do veículo.
Sinalização
Uma hora e meia depois da
batida, um caminhão Mercedes-Benz, de Cascavel (PR), ignorou a sinalização na pista
(montada a pelo menos oito
quilômetros do desastre).
Ao chegar no ponto onde começava o congestionamento, a
quase dois quilômetros da primeira batida, o motorista Rosinei Ferrari entrou pela contramão, desviando da fila de carros na sua pista. Ao chegar ao
local do acidente, Ferrari atingiu dez carros e atropelou dezenas de pessoas. Depois, a carreta tombou. 20 pessoas morreram neste acidente.
"Não se sabe porque ele saiu
da sua pista. Uma hipótese é
que tenha desviado para não
bater nos carros no congestionamento e tenha continuado
em alta velocidade porque perdeu o freio", diz o policial
Adriano Fiamoncini.
Segundo a Secretaria da Segurança, o tacógrafo da carreta,
analisado em Florianópolis,
mostra que ele estava a 130
km/h ao invadir o bloqueio. A
velocidade máxima no local para caminhões é de 80 km/h.
Segundo a PRF, entre os
mortos no segundo acidente
estão passageiros do ônibus
que não haviam morrido no
primeiro. Eles estavam no ônibus, aguardando resgate, quando carros atingidos pelo caminhão caíram sobre o veículo.
Levantamento preliminar
mostra que oito passageiros do
ônibus morreram -três no primeiro acidente e cinco, no segundo. Também morreram
cinco bombeiros, um policial
militar, três jornalistas, o motorista do Scania ultrapassado
pelo Volvo e pessoas que observavam o trabalho de resgate.
Havia 60 militares trabalhando no local. O governador
de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), decretou luto oficial. "Os maiores
culpados são os motoristas dos
caminhões que foram imprudentes e negligentes", disse o
governador.
Risco
O delegado Rodrigo Barbosa,
da cidade de Maravilha, autuou
Rosinei Ferrari pois ele "assumiu o risco de matar ao trafegar
pela contramão e por atravessar o bloqueio da Polícia Rodoviária Federal".
Ferrari ficou ferido e foi levado para o hospital, onde está
sob escolta de cinco PMs. Assim que receber alta médica,
será levado para a Cadeia Pública de Descanso.
À noite, o motorista disse a
um PM que estava "com tonturas, psicologicamente abalado e
em estado de choque e que, por
isso, não ia falar sobre o acidente". A reportagem não conseguiu entrar em contato com a
família de Rosinei. O hospital
afirmou que ele se feriu na cabeça e nos braços. Segundo a
PRF, Ferrari é natural de Cascavel (PR), casado e não tem filhos. Se for condenado, pode
pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Colaboraram MARTHA ALVES e EDEVAL JÚNIOR , da Agência Folha
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