São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Coronel da PM é investigado no caso Abadía

Amaury Sintoni Dias é apontado como sócio de loja que vendeu ao menos 8 carros ao grupo do megatraficante; ele nega

Piloto de aviões, apontado como principal aliado de Abadía, citou o nome do oficial durante depoimento ao juiz federal na última 5ª

MARIO CESAR CARVALHO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O nome de um coronel da reserva da Polícia Militar é citado na investigação sobre o megatraficante Juan Carlos Ramírez Abadía como sócio de uma empresa que é acusada de ajudar a lavar dinheiro do traficante. É a primeira vez, no curso dessa investigação, que aparece o nome de um PM. Oito policiais civis já foram afastados por suspeitas de extorquir o megatraficante.
O coronel Amaury Sintoni Dias, 53, é apontado como sócio da loja de carros MPR Multimarcas, que vendeu pelo menos oito automóveis para Abadía. Os carros eram pagos com dinheiro vivo e transferidos para o nome de laranjas. Um dos laranjas trabalhava na loja.
Em entrevista à Folha, o coronel negou que seja sócio da MPR (leia texto ao lado). Diz que é amigo do dono da empresa, Antonio Marcos Ayres Fonseca (Marcão), que foi preso em agosto, junto com o grupo de Abadía, e depois liberado.
Foi o piloto de aviões André Luiz Telles Barcellos quem citou o nome do coronel ao ser interrogado pelo juiz federal Fausto Martin de Sanctis, na última quinta-feira. Barcellos é apontado pela Polícia Federal como um dos principais comparsas de Abadía no Brasil.
No interrogatório, a procuradora da República Thaméa Danelon Valiengo pergunta ao piloto se o dono da loja de automóveis nunca questionou o fato de todos os pagamentos serem feitos em dinheiro.
Barcellos diz: "Uma vez ele [Marcão] me perguntou. Eu não respondi, estava o sócio dele ao lado, e ele disse assim: "Não quero saber de nada. Não responde, André, fica quieto. Isso aí é só você que sabe'". Juiz: "Qual o nome do sócio?" Barcellos: "O coronel Amauri." Juiz: "Coronel?" Barcellos: "Coronel da Polícia Militar que é sócio na loja". A transcrição indica que o coronel sabia do pagamento em dinheiro e do uso de laranjas, mas silenciou sobre o caso.


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