São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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Falta de estrutura em Câmaras afeta acesso de vereador deficiente

Maceió, Cambé (PR) e São José do Rio Preto (SP) são algumas das cidades com acessibilidade precária para vereadores deficientes

Em Alagoas, vereadora cadeirante terá pela frente 34 degraus na entrada do plenário; lei que fixa regras de acessibilidade é de 2000

JOSÉ EDUARDO RONDON
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Eleita vereadora no último domingo, Roseane Cavalcante (PT do B), 35, terá dificuldades para comparecer ao trabalho. A Câmara Municipal de Maceió (AL) não tem a infra-estrutura necessária para receber deficientes físicos: há 34 degraus na entrada do plenário.
Roseane, que perdeu o movimento das pernas em decorrência de poliomielite e usa cadeira de rodas, disse que exigirá adaptações para que possa ter acesso ao plenário de maneira completamente independente.
O problema também afeta outra vereadora eleita, a modelo Thaíse Guedes (PSC), 21. Ela teve pernas e mãos amputadas em decorrência de uma meningite diagnosticada tardiamente. "Sei o que passei com a saúde em Maceió. Quero lutar pelas pessoas com deficiência e que precisam da saúde pública", disse ela.
A falta de infra-estrutura de acesso para cadeirantes não é exclusividade da capital alagoana. Outras cidades não têm condições de receber vereadores portadores de deficiência e terão que passar por adaptações em suas escadarias de entrada, no plenário, em gabinetes e nos banheiros.
Em Cambé (PR), por exemplo, a recém-eleita Ivani Tiepo (PMDB), 39, que é cadeirante, reclama das condições da Casa. De acordo com Ivani, as dificuldades na acessibilidade estão concentradas no plenário da Câmara local.
"Não tem problema para entrar no prédio ou no gabinete. A dificuldade é na tribuna, muito alta e com degraus. Já me disseram que irão fazer todas as modificações."
Outros dois vereadores eleitos em Cambé têm deficiência física: Paulo Tardiolle (PTB) e Mario Som (PTB).

Triciclo
Em São José do Rio Preto, a servidora pública federal e agora vereadora Alessandra Trigo (PSDB), 34, se locomove de triciclo. Com cerca de um metro de altura, ela é portadora de osteogênese imperfeita, doença congênita que provoca fragilidade nos ossos e é conhecida como "ossos de vidro".
Alessandra diz que os principais obstáculos no novo trabalho serão os degraus de acesso ao plenário e à tribuna e as rampas íngremes da Casa.
"A pessoa com deficiência física não tem acesso autônomo no plenário, precisa de alguém que a auxilie", queixa-se.
O diretor-geral da Câmara Municipal de São José do Rio Preto, João Batista da Silva, no entanto, garantiu que a Casa fará as adaptações necessárias para que Alessandra possa trabalhar. Entre as medidas em estudo estão a compra de uma plataforma para cadeirantes e a construção de rampas de acesso ao plenário.
Uma lei federal de 2000 fixou normas e critérios para a acessibilidade de deficientes físicos e de pessoas com mobilidade reduzida em prédios públicos e privados. Os problemas verificados nos Legislativos municipais, contudo, mostram que ainda há muitos prédios públicos em desacordo com a lei.
Na capital paulista, a Câmara Municipal instalou neste ano um novo sistema de votação que permite à vereadora reeleita Mara Gabrilli (PSDB), que é tetraplégica, votar apenas com a movimentação dos olhos, sem necessidade de usar as mãos. Mara, que ficou tetraplégica após um acidente de carro, foi a quinta vereadora mais votada da cidade, com 79.912 votos.


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