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Falta de estrutura em Câmaras afeta acesso de vereador deficiente
Maceió, Cambé (PR) e São José do Rio Preto (SP) são algumas das cidades com acessibilidade precária para vereadores deficientes
Em Alagoas, vereadora cadeirante terá pela frente 34 degraus na entrada do plenário; lei que fixa regras de acessibilidade é de 2000
JOSÉ EDUARDO RONDON
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Eleita vereadora no último
domingo, Roseane Cavalcante
(PT do B), 35, terá dificuldades
para comparecer ao trabalho. A
Câmara Municipal de Maceió
(AL) não tem a infra-estrutura
necessária para receber deficientes físicos: há 34 degraus na
entrada do plenário.
Roseane, que perdeu o movimento das pernas em decorrência de poliomielite e usa cadeira de rodas, disse que exigirá
adaptações para que possa ter
acesso ao plenário de maneira
completamente independente.
O problema também afeta
outra vereadora eleita, a modelo Thaíse Guedes (PSC), 21. Ela
teve pernas e mãos amputadas
em decorrência de uma meningite diagnosticada tardiamente. "Sei o que passei com a saúde em Maceió. Quero lutar pelas pessoas com deficiência e
que precisam da saúde pública", disse ela.
A falta de infra-estrutura de
acesso para cadeirantes não é
exclusividade da capital alagoana. Outras cidades não têm
condições de receber vereadores portadores de deficiência e
terão que passar por adaptações em suas escadarias de entrada, no plenário, em gabinetes e nos banheiros.
Em Cambé (PR), por exemplo, a recém-eleita Ivani Tiepo
(PMDB), 39, que é cadeirante,
reclama das condições da Casa.
De acordo com Ivani, as dificuldades na acessibilidade estão
concentradas no plenário da
Câmara local.
"Não tem problema para entrar no prédio ou no gabinete. A
dificuldade é na tribuna, muito
alta e com degraus. Já me disseram que irão fazer todas as modificações."
Outros dois vereadores eleitos em Cambé têm deficiência
física: Paulo Tardiolle (PTB) e
Mario Som (PTB).
Triciclo
Em São José do Rio Preto, a
servidora pública federal e agora vereadora Alessandra Trigo
(PSDB), 34, se locomove de triciclo. Com cerca de um metro
de altura, ela é portadora de osteogênese imperfeita, doença
congênita que provoca fragilidade nos ossos e é conhecida
como "ossos de vidro".
Alessandra diz que os principais obstáculos no novo trabalho serão os degraus de acesso
ao plenário e à tribuna e as
rampas íngremes da Casa.
"A pessoa com deficiência física não tem acesso autônomo
no plenário, precisa de alguém
que a auxilie", queixa-se.
O diretor-geral da Câmara
Municipal de São José do Rio
Preto, João Batista da Silva, no
entanto, garantiu que a Casa fará as adaptações necessárias
para que Alessandra possa trabalhar. Entre as medidas em
estudo estão a compra de uma
plataforma para cadeirantes e a
construção de rampas de acesso ao plenário.
Uma lei federal de 2000 fixou
normas e critérios para a acessibilidade de deficientes físicos
e de pessoas com mobilidade
reduzida em prédios públicos e
privados. Os problemas verificados nos Legislativos municipais, contudo, mostram que
ainda há muitos prédios públicos em desacordo com a lei.
Na capital paulista, a Câmara
Municipal instalou neste ano
um novo sistema de votação
que permite à vereadora reeleita Mara Gabrilli (PSDB), que é
tetraplégica, votar apenas com
a movimentação dos olhos, sem
necessidade de usar as mãos.
Mara, que ficou tetraplégica
após um acidente de carro, foi a
quinta vereadora mais votada
da cidade, com 79.912 votos.
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