São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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SAÚDE

Evento no Rio discutiu a padronização de remédios feitos à base de plantas

Debate busca normatizar fitoterápico

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os conselhos regionais de Medicina e de Farmácia do Rio de Janeiro realizaram neste final de semana um primeiro encontro para discutir a normatização e a uniformização das práticas para os medicamentos fitoterápicos.
Em forma de cápsulas, chás, xaropes e pomadas, os fitoterápicos empregam todos os princípios ativos da planta, diferentemente dos medicamentos desenvolvidos a partir de estruturas químicas isoladas das plantas.
O simpósio do Rio, iniciativa inédita por parte de um conselho de medicina, acontece duas semanas depois que a Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica (Abifito) realizou um fórum sobre um projeto de lei para o setor. Segundo a associação, o setor movimenta R$ 1 bilhão por ano e emprega mais de 100 mil pessoas.
Para a Abifito, a falta de uma legislação adequada vem levando a frequentes apreensões de produtos e à "difamação do setor", além de confundir médicos e pacientes.
"Os fitoterápicos são mais baratos e têm menos efeitos colaterais", diz o médico Décio Alves, do Serviço de Terapias Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como não se investe em pesquisas com plantas no país, cerca de 80% dos fitoterápicos registrados aqui são de plantas estrangeiras. "Esse quadro vai mudar", diz Alves. Segundo ele, 14 universidades no país já estão pesquisando fitoterápicos.

Climatério
No simpósio do Rio, foi apresentada uma revisão de 45 trabalhos estrangeiros realizados nos últimos três anos relacionando as isoflavonas com a redução dos efeitos do climatério. "Trinta e oito deles foram positivos", diz Décio Alves, que fez a revisão. As isoflavonas são hormônios presentes na soja. Seus efeitos aparecem em pelo menos 2.000 trabalhos publicados em revistas indexadas.
As isoflavonas também podem aumentar a massa óssea e reduzir o risco cardiovascular, diz Alves. "Há cada vez mais ginecologistas e pacientes procurando essa alternativa", diz o médico, que pertence à Sociedade de Ginecologia do Rio de Janeiro.
No Brasil, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo mostra os benefícios das isoflavonas. Na UFRJ, Alves deve concluir dois estudos no próximo ano. No Hospital das Clínicas (SP), os serviços de ginecologia e gastroenterologia estão conduzindo pelo menos três estudos com as isoflavonas. A maioria é com cápsulas concentradas de soja, que buscam aprovação como fitoterápicos. Outro produto estudado é um concentrado protéico de soja associado à proteína da soja, que vem sendo vendido como alimento.


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