São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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Xícara de cafeteria vira suvenir clandestino

Clientes da rede Starbucks estariam levando objeto de lembrança para casa

Em apenas uma das lojas em São Paulo é preciso comprar até 90 peças a cada 15 dias para a reposição do "suvenir não-autorizado"

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O café está servido, senhor... Mas é pra deixar a xícara. Os funcionários da rede de cafeterias norte-americana Starbucks não estão autorizados a solicitar nada do gênero aos clientes e, de qualquer maneira, isso não garantiria a redução do incrível número de xícaras desaparecidas das lojas brasileiras.
A marca está em São Paulo há cerca de um ano e conta com sete lojas, sendo que, cada uma, vende em torno de 20 mil cafés por mês -servidos em uma xícara branca, com o logotipo da marca em verde.
"Muita gente acha que é suvenir e leva", diz uma funcionária da filial do shopping Pátio Higienópolis. Segundo ela, a cada 15 dias, é preciso solicitar 90 xícaras ao fornecedor (as peças têm de ser importadas). Na sexta-feira, havia apenas três. "Aproveita, que são as últimas", brinca a moça.
A Folha visitou três das sete lojas: todos os funcionários consultados disseram, sem saber que se tratava de uma reportagem, que o sumiço das xícaras é algo comprovável.
"Quando a gente vai recolher na mesa, encontra só o pires", diz um funcionário da loja do shopping Center 3, na avenida Paulista. Ele estima que, em um mês, cerca de 90% das xícaras foram roubadas.
Como saber se não quebraram? Ele explica que os funcionários são orientados a informar à gerência quando uma xícara quebra. "Não houve um caso de xícara quebrada. Os clientes levam mesmo, é da cultura do brasileiro", acredita.
A assessoria da Starbucks informa, sem acusar os clientes, que, de fato, foi observada a redução do número de xícaras nas lojas brasileiras.
Como o trâmite de importação leva algum tempo, as lojas estão autorizadas, enquanto as peças originais não chegam para reposição, a usar xícaras brancas, de porcelana, sem o logotipo da marca.
Oficialmente, a assessoria da Starbucks diz que, nos EUA, eles só servem café em copo de papel e que a falta de experiência com xícaras os levou a subestimar a quantidade de peças necessárias para atender à demanda no Brasil -daí a falta.
De qualquer maneira, ao serem consultados pela reportagem, pareceram receosos com a possibilidade de sugerir a idéia do roubo das xícaras a quem ainda não havia tido.
Nas lojas, os funcionários ainda informam que é possível comprar xícaras com o logotipo da marca. Não são exatamente iguais, mas levam o nome da rede Starbucks. Custam R$ 30.


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