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Xícara de cafeteria vira suvenir clandestino
Clientes da rede Starbucks estariam levando objeto de lembrança para casa
Em apenas uma das lojas em São Paulo é preciso comprar até 90 peças a cada 15 dias para a reposição do "suvenir não-autorizado"
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O café está servido, senhor...
Mas é pra deixar a xícara.
Os funcionários da rede de cafeterias norte-americana Starbucks não estão autorizados a
solicitar nada do gênero
aos clientes e, de qualquer maneira, isso não garantiria a redução do incrível número de xícaras desaparecidas das lojas
brasileiras.
A marca está em São Paulo há
cerca de um ano e conta com
sete lojas, sendo que, cada uma,
vende em torno de 20 mil cafés
por mês -servidos em uma xícara branca, com o logotipo da
marca em verde.
"Muita gente acha que é suvenir e leva", diz uma funcionária da filial do shopping Pátio
Higienópolis. Segundo ela, a cada 15 dias, é preciso solicitar 90
xícaras ao fornecedor (as peças
têm de ser importadas). Na sexta-feira, havia apenas três.
"Aproveita, que são as últimas",
brinca a moça.
A Folha visitou três das sete
lojas: todos os funcionários
consultados disseram, sem saber que se tratava de uma reportagem, que o sumiço das xícaras é algo comprovável.
"Quando a gente vai recolher
na mesa, encontra só o pires",
diz um funcionário da loja do
shopping Center 3, na avenida
Paulista. Ele estima que, em
um mês, cerca de 90% das xícaras foram roubadas.
Como saber se não quebraram? Ele explica que os funcionários são orientados a informar à gerência quando uma xícara quebra. "Não houve um
caso de xícara quebrada. Os
clientes levam mesmo, é da
cultura do brasileiro", acredita.
A assessoria da Starbucks informa, sem acusar os clientes,
que, de fato, foi observada a redução do número de xícaras
nas lojas brasileiras.
Como o trâmite de importação leva algum tempo, as lojas
estão autorizadas, enquanto as
peças originais não chegam para reposição, a usar xícaras
brancas, de porcelana, sem o
logotipo da marca.
Oficialmente, a assessoria da
Starbucks diz que, nos EUA,
eles só servem café em copo de
papel e que a falta de experiência com xícaras os levou a subestimar a quantidade de peças
necessárias para atender à demanda no Brasil -daí a falta.
De qualquer maneira, ao serem consultados pela reportagem, pareceram receosos com
a possibilidade de sugerir a
idéia do roubo das xícaras a
quem ainda não havia tido.
Nas lojas, os funcionários
ainda informam que é possível
comprar xícaras com o logotipo da marca. Não são exatamente iguais, mas levam o nome da rede Starbucks. Custam R$ 30.
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