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DULCE DAMASCENO DE BRITO (1927-2008)
Uma confidente brasileira em Hollywood
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Marlon Brando era vizinho e não falava com jornalistas. Correspondente em
Hollywood, Dulce Damasceno conseguiu entrevistá-lo
três vezes. Talvez porque não
se achasse crítica de cinema.
Dizia-se uma "fofoqueira".
Segundo o filho, quando
"O Cruzeiro" tomava consciência do material que tinha
em mãos, punha na capa. Afinal, "aquilo era exclusivo".
Mas a proximidade que
Dulce teve com Carmen Miranda foi mais intensa. Tornou-se confidente da artista
no começo dos anos 50.
"A Carmen se identificou
muito com ela e morria de
saudade do Brasil. Ela apresentou minha mãe a muita
gente", lembra o filho. O resto está em seu livro "O ABC
de Carmen Miranda".
Nascida em Casa Branca, a
229 km de São Paulo, começou a escrever cedo para uma
revista de cinema, após ter
enviado cartas ao editor. Era
autodidata e até inglês conseguiu aprender sozinha.
Quando partiu para os
EUA, o namorado ficou em
SP. Em 1952, voltou ao Brasil, casou-se e retornou com
o marido a Hollywood, onde
morou por 15 anos. Era o marido quem fazia o papel de
dona-de-casa. Teve dois filhos e um neto.
Atualmente, vivia numa
casa de repouso e mantinha
uma coluna na revista "Set",
que ela ditava e um amigo escrevia -tinha Parkinson.
Seu texto deste mês, sobre
a morte de Paul Newman,
começa assim: "Os deuses de
Hollywood estão sendo vencidos pela morte. É inevitável, mas triste". Morreu anteontem, aos 81, de embolia
pulmonar e problemas cardíacos, em São Paulo.
obituario@folhasp.com.br
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