São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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Pane para Itaipu e governo apura causas

Ministro Edison Lobão (Energia) diz que problema aconteceu numa linha de transmissão, que provocou desligamento de outras

Segundo o governo, pane afetou cerca de 800 cidades em nove Estados e DF, mas Folha apurou problemas em outros seis Estados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O apagão de ontem, o maior dos últimos dez anos, afetou cerca de 800 cidades, de acordo com estimativas do governo, em nove Estados e no Distrito Federal.
O Estado mais prejudicado, segundo o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), foi o Rio, mas a pane afetou SP, MG, PR, GO, MT, MS, ES, PE e e até o Paraguai, além de pontos do DF -o Sudeste chegou a ficar totalmente às escuras. A Folha, no entanto, apurou problemas em mais seis Estados: RS, SC, BA, RO, AL e AC.
"Houve um desligamento completo da usina de Itaipu", disse o ministro Edison Lobão (Minas e Energia). Segundo ele, o problema aconteceu em uma linha de transmissão, que foi desligada, o que levou ao desligamento de outras.
A usina de Itaipu perdeu 14 mil megawatts do total de 17 mil que pode produzir. A queda teria sido causada pelos fortes temporais no Paraná. O problema estaria nas linhas de transmissão entre Ivaiporã (norte do PR) e Tijuco Preto (SP).
Por volta da meia-noite, o ONS (Operador Nacional do Sistema), responsável por administrar o fornecimento de energia no país, divulgava a informação de que o problema de falta de energia persistia apenas nos Estados do RJ, SP e ES - o fornecimento no Paraguai, que chegou a ser totalmente interrompido, também já havia retornado.
Lobão disse que o fornecimento no Brasil seria restabelecido até a manhã de hoje. A usina de Itaipu estava parada e as causas ainda não haviam sido totalmente identificadas até pouco depois da meia-noite.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, disse que o tempo de recuperação do sistema dependeria da gravidade do problema. "Se houve um efeito boliche [torre atrás de torre], pode consumir dias."
Ainda ontem, os técnicos tentavam identificar a origem do acidente numa extensão de 1.500 quilômetros, do Paraná até São Paulo.
Havia três suspeitas: queda de linhas de transmissão, defeitos em uma das subestações ou pane na própria usina. Lobão evitou comparações com a crise no fornecimento de energia registrada no país em 2001. "O sistema não é frágil. É um dos mais seguros do mundo", disse.
"O que houve em 2001 foi falta de energia e excesso de consumo", afirmou. Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a afirmar que o racionamento ocorrido em 2001 era "página virada" -em outra ocasião, dois anos depois, disse que o episódio ocorrido no governo FHC havia sido uma "vergonha nacional".
A situação foi avaliada como grave pelo governo, que recebeu a informação do apagão logo após a sua ocorrência. O presidente Lula foi informado durante reunião em que discutia com os governadores do Rio, Sergio Cabral, e Espirito Santo, Paulo Hartung, mudanças no projeto do marco regulatório do pré-sal.
Em seguida, determinou a Lobão, que participava da reunião, que tomasse as providências para solucionar o problema e esclarecesse à população o que estava ocorrendo.
Também estava na reunião a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que já ocupou a pasta de Energia. Ela deixou o local sem falar sobre o assunto.
Assim que soube do apagão, Cabral ligou para a Secretaria da Segurança do Rio para colocar o Bope (grupo policial de elite) na Linha Amarela e Vermelha e na avenida Brasil. Também conversou com o prefeito Eduardo Paes e pediu para pôr a Guarda Civil na rua.


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