São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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Passageiros descem de trem e andam nos trilhos

Surpreendidos pelo blecaute, alguns usuários não sabiam como voltar para casa

Passageiros do metrô reclamam de terem sido obrigados a sair das estações após o apagão também afetar o sistema

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

O apagão obrigou passageiros de trem em São Paulo a andar nos trilhos para buscar refúgio em uma estação de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Passageiros que estavam em um trem na linha 11-coral, no sentido Guaianazes, tiveram de descer e andar cerca de 20 minutos pelos trilhos de volta até a estação Brás, na região central de São Paulo.
"Um maquinista disse que não havia previsão de a energia voltar. Todos desceram e voltaram andando", disse o técnico de segurança no trabalho Renato de Jesus Santos, 30. Eles tiveram de ajudar uns aos outros, devido a pedras e paus espalhados no caminho.
Na estação Brás, um segurança orientava os usuários a deixar o local porque a gasolina do gerador estava acabando. Com medo de sair à rua, que estava escura, muitos optaram pela saída do largo Concórdia, onde há pontos de ônibus. A estudante Monique de Moura Cândido, 23 anos, disse que viu um assalto. "Passaram garotos gritando e roubando as pessoas."

Metrô
Clima de temor também foi verificado no metrô. Na estação Santa Cecília, a orientação era a de andar em grupos para evitar assaltos.
Duas funcionárias de uma lanchonete da estação Trianon-Masp disseram que foram trancadas no local por seguranças e não puderam mais sair. "Quando o metrô abrir, às 4h, vou embora mesmo que meu patrão não deixe", disse Viviane Bezerra, 27.
As amigas Luciana Duarte, 24, e Mariana de Moraes, 23, ambas engenheiras de trabalho, estavam num vagão da linha 1-vermelha quando ocorreu o apagão. O trem parou na estação Santa Cecília. Elas dizem que o sistema de som informou que havia problemas de energia. Primeiro ficaram esperando a energia voltar dentro do vagão, o que não ocorreu. Em seguida, funcionários pediram para que todos descessem do vagão e aguardassem na plataforma. Cerca de 15 minutos depois, os funcionários disseram que não havia previsão de que a energia voltaria e pediram que todos saíssem da estação. Filas se formaram na saída para pegar o bilhete que o Metrô estava devolvendo aos que haviam pago pela viagem.
Em frente à estação Santa Cecília, na linha 1-vermelha, oito colegas do curso de hotelaria da Hotec (Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo de São Paulo), entre elas Ágota de Lima, 18, e Bruna Pinheiro, 19, se juntaram para caminhar pelas ruas escuras do bairro até achar um lugar onde pudessem pegar um táxi. "Estamos com medo, mas vamos fazer o quê? Tem que ir", afirmou Ágota.

Sem destino
Em São Paulo a trabalho, a recifense Francis Souza, 28, estava no metrô quando ocorreu o apagão. "Pediram para sairmos do vagão e depois da estação", contou. Ela estava na praça da Sé sem saber como voltaria para o Jardim Tremembé, onde estava hospedada. "Ninguém para, não tem táxi, não tem ônibus", afirmou a gerente de produção.
Nilda Santana, 42, estudante de enfermagem, também não sabia como voltaria para casa. "Não temos ideia ainda de como vamos fazer para ir embora", disse ela, que mora no Itaim Paulista. "Vou ter que ir de ônibus ou ver se o marido da minha colega vem pegá-la para ir de carona."
A bancária Zilá Corrêa, 34, diz que foi "expulsa" da estação República, no centro, por volta das 22h40. "Expulsaram todo mundo, fica todo mundo na porta e dane-se", disse irritada. Ontem era o aniversário dela e ela brincou dizendo que a culpa do apagão era sua. "O bolo era grande", brincou.


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