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Passageiros descem de trem e andam nos trilhos
Surpreendidos pelo blecaute, alguns usuários não sabiam como voltar para casa
Passageiros do metrô reclamam de terem sido obrigados a sair das estações após o apagão também afetar o sistema
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
O apagão obrigou passageiros de trem em São Paulo a andar nos trilhos para buscar refúgio em uma estação de trem
da CPTM (Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos).
Passageiros que estavam em
um trem na linha 11-coral, no
sentido Guaianazes, tiveram de
descer e andar cerca de 20 minutos pelos trilhos de volta até
a estação Brás, na região central de São Paulo.
"Um maquinista disse que
não havia previsão de a energia
voltar. Todos desceram e voltaram andando", disse o técnico
de segurança no trabalho Renato de Jesus Santos, 30. Eles tiveram de ajudar uns aos outros,
devido a pedras e paus espalhados no caminho.
Na estação Brás, um segurança orientava os usuários a deixar o local porque a gasolina do
gerador estava acabando. Com
medo de sair à rua, que estava
escura, muitos optaram pela
saída do largo Concórdia, onde
há pontos de ônibus. A estudante Monique de Moura Cândido, 23 anos, disse que viu um
assalto. "Passaram garotos gritando e roubando as pessoas."
Metrô
Clima de temor também foi
verificado no metrô. Na estação
Santa Cecília, a orientação era a
de andar em grupos para evitar
assaltos.
Duas funcionárias de uma
lanchonete da estação Trianon-Masp disseram que foram
trancadas no local por seguranças e não puderam mais sair.
"Quando o metrô abrir, às 4h,
vou embora mesmo que meu
patrão não deixe", disse Viviane Bezerra, 27.
As amigas Luciana Duarte,
24, e Mariana de Moraes, 23,
ambas engenheiras de trabalho, estavam num vagão da linha 1-vermelha quando ocorreu o apagão. O trem parou na
estação Santa Cecília. Elas dizem que o sistema de som informou que havia problemas de
energia. Primeiro ficaram esperando a energia voltar dentro
do vagão, o que não ocorreu.
Em seguida, funcionários pediram para que todos descessem
do vagão e aguardassem na plataforma. Cerca de 15 minutos
depois, os funcionários disseram que não havia previsão de
que a energia voltaria e pediram que todos saíssem da estação. Filas se formaram na saída
para pegar o bilhete que o Metrô estava devolvendo aos que
haviam pago pela viagem.
Em frente à estação Santa
Cecília, na linha 1-vermelha, oito colegas do curso de hotelaria
da Hotec (Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo de São Paulo),
entre elas Ágota de Lima, 18, e
Bruna Pinheiro, 19, se juntaram para caminhar pelas ruas
escuras do bairro até achar um
lugar onde pudessem pegar um
táxi. "Estamos com medo, mas
vamos fazer o quê? Tem que ir",
afirmou Ágota.
Sem destino
Em São Paulo a trabalho, a
recifense Francis Souza, 28, estava no metrô quando ocorreu
o apagão. "Pediram para sairmos do vagão e depois da estação", contou. Ela estava na praça da Sé sem saber como voltaria para o Jardim Tremembé,
onde estava hospedada. "Ninguém para, não tem táxi, não
tem ônibus", afirmou a gerente
de produção.
Nilda Santana, 42, estudante
de enfermagem, também não
sabia como voltaria para casa.
"Não temos ideia ainda de como vamos fazer para ir embora", disse ela, que mora no
Itaim Paulista. "Vou ter que ir
de ônibus ou ver se o marido da
minha colega vem pegá-la para
ir de carona."
A bancária Zilá Corrêa, 34,
diz que foi "expulsa" da estação
República, no centro, por volta
das 22h40. "Expulsaram todo
mundo, fica todo mundo na
porta e dane-se", disse irritada.
Ontem era o aniversário dela e
ela brincou dizendo que a culpa
do apagão era sua. "O bolo era
grande", brincou.
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