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Carrinho de bebê causa amputações nos EUA
4 dos modelos da Maclaren que causaram os 12 acidentes são vendidos no Brasil
Segundo empresa, uso deve ser interrompido; órgãos brasileiros de defesa do consumidor afirmam que país deveria ter recall
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro modelos de carrinhos
de bebê da marca Maclaren
vendidos no Brasil passarão por
um recall nos EUA após relatos
de que 12 crianças tiveram dedos das mãos amputados naquele país. São os modelos Volo,
Techno XT, Quest Sports e
Twin Techno. Este último, para
gêmeos, chega a custar R$ 1.750
em lojas virtuais brasileiras. Todos são fabricados na China.
O recall foi anunciado pela fabricante inglesa Maclaren e pelo CPSC, órgão de defesa do
consumidor do governo americano. Segundo a empresa, quem
adquiriu o produto deve interromper o uso.
Não houve casos no Brasil,
conforme a única importadora
e revendedora há oito anos, a
Brasbaby. A empresa disse não
saber se a Maclaren fará voluntariamente um recall no país.
O Ministério da Justiça, porém, já informou ontem que a
Maclaren será obrigada a fazer
o mesmo recall para os consumidores brasileiros caso fique
constatado que seus carrinhos
trazem a mesma peça causadora de amputações nos EUA.
Trata-se de uma dobradiça.
Ela permite aos pais fechar o
carrinho para levá-lo na mão. O
mecanismo não é coberto. O recall visa tampar essa parte por
meio de um kit a ser entregue
aos clientes. "A dobradiça do
carrinho oferece um risco de
amputação ou laceração dos dedos da criança quando o consumidor está fechando ou abrindo
o carrinho", informou a Maclaren, por meio de nota.
Outros cinco modelos de carrinho não vendidos no Brasil
passarão pelo recall americano.
São Triumph, Quest Mod,
TechnoXLR, Twin Triumph e o
Easy Traveller.
Gilberto Oliveira, gerente da
Brasbaby, afirma que a Maclaren é uma empresa de qualidade há 40 anos no mercado. Diz
que as amputações foram provavelmente consequência do
uso inadequado. Segundo ele, o
produto é "seguro", e os riscos
envolvidos são semelhantes aos
de outros tipos de carrinho. "Às
vezes, os pais não leem as instruções e fecham o carrinho
com a criança próxima a eles."
A Brasbaby disse não saber
quantas lojas vendem os produtos no país ou quantas unidades
são vendidas por ano. Informou
apenas que o produto é vendido
em todo o território nacional.
Para Carlos Thadeu de Oliveira, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a Maclaren deveria ter convocado o recall em todos os países onde
vendeu esses produtos.
"Se fez o recall é porque o
produto representa um risco
aos consumidores. Proibir só
nos EUA é considerar que o
consumidor americano é melhor do que os outros [países]",
diz. Para ele, a Maclaren deveria
ter informado o recall às empresas que importam seus produtos. Assim, a Brasbaby e as lojas
brasileiras teriam de acertar
com a Maclaren o fornecimento
do kit, segundo Oliveira.
A Pro Teste notificou a Brasbaby para que realize um recall.
De acordo com o órgão, fabricante e importador são responsáveis pela colocação de produtos seguros no mercado.
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