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MUNDO ANIMAL
Em bandos, os animais invadem plantações e cruzam com porcos, gerando filhotes conhecidos como "javaporcos"
Interior inicia combate à "invasão" de javalis
DA REPORTAGEM LOCAL
Autodenominada "capital
mundial da laranja", a pequena
cidade de Itápolis, a 359 km de
São Paulo, deu início à luta contra
uma "praga" que está afetando a
economia local. O problema que
preocupa a população -e outros
municípios do interior paulista
como Bauru, Ribeirão Preto, Barretos, São José do Rio Preto e Araçatuba- é o crescimento descontrolado de javalis.
Em bandos, eles invadem as
plantações, destroem cercas e
cruzam com porcos domésticos,
o que gera filhotes conhecidos como "javaporcos".
A situação levou o Ibama a elaborar um projeto piloto de combate ao javali, o que incluiu o abate desses animais com armas de
fogo e ajuda de cães. No mês de
outubro, foi feita a primeira incursão nesse sentido, com o auxílio de alguns caçadores do Rio
Grande do Sul.
"É uma forma polêmica, mas
estamos quase convencidos de
que essa seria a única forma de
controlar a população de javalis",
afirma o biólogo Joaquim Maia
Neto, de 33 anos, chefe do escritório regional de Barretos.
Caça
A medida toca num ponto delicado, já que a caça de qualquer
animal é proibida pela constituição do Estado de São Paulo.
O combate ao javali, autorizado
pelo Ministério Público Estadual
por meio de um termo deliberativo e, por enquanto, válido apenas
para Itápolis, tem como base uma
lei federal que permite o controle
de espécies exóticas.
O javali chegou ao país por duas
vias. Parte foi trazida por criadores nos anos 90, quando a carne
do animal ganhou, no país, status
de produto sofisticado. Na Argentina, o animal já era criado desde
o início do século 20 e alguns, que
haviam fugido, viviam na natureza. Durante uma estiagem, invadiram o Uruguai e, de lá, o Brasil.
Para Lélia Lourenço Pinto, 44,
analista ambiental do Ibama de
Bauru, a ação não pode ser caracterizada como caça. A deliberação
do Ministério Público não dá a
moradores da região, por exemplo, o direito de matar os animais.
"O controle é para a solução de
um problema", afirma André
Jean Deberdt, 37, biólogo da coordenação geral de fauna do Ibama,
em Brasília.
O problema era principalmente
associado ao Rio Grande do Sul,
único Estado a permitir a caça ao
javali. Em agosto, uma instrução
normativa estendeu a permissão
de caça para todos os municípios
do Estado. Entre 1º de abril de
2004 e 1º de abril deste ano, 849
animais foram abatidos.
(AMARÍLIS LAGE)
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