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PCC tentou comprar 2 casas noturnas para vender drogas
Os estabelecimentos ficam em bairros de classe média de São Paulo e um deles é freqüentado por universitários
Polícia de Santo André deve indiciar hoje 50 pessoas sob a acusação de atuar no esquema de lavagem
de dinheiro para a facção
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
As investigações da polícia de
Santo André (ABC) sobre uma
quadrilha com base no ABC
acusada de utilizar 44 postos de
gasolina e revendedoras de carros para lavar dinheiro para a
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) apontam que o grupo tentou comprar duas casas noturnas em
São Paulo para criar uma distribuição própria de drogas sintéticas, em especial ecstasy.
As duas casas noturnas ficam
em bairros badalados de São
Paulo -Pinheiros (zona oeste)
e Moema (zona sul)- e são freqüentadas por jovens das classes média e alta.
Hoje, o inquérito da Dise
(Delegacia de Investigação sobre Entorpecentes) de Santo
André sobre a máfia dos postos
de combustível e de revendas
de carros, com mais de dez volumes e 2.000 páginas, será relatado ao Ministério Público e
50 pessoas serão indiciadas. As
investigações começaram em
maio, logo após a primeira onda
de ataques da facção contra as
forças de segurança.
Duas juízas de Mauá (ABC),
Maria Eugênia Pires e Ida Inês
Del Cid, são investigadas atualmente pela Corregedoria Geral
de Justiça de São Paulo porque
foram acusadas por um empresário de manter relações próximas com várias pessoas suspeitas de integrar essa rede de lavagem de dinheiro do PCC. As
magistradas se recusam a falar
sobre as supostas ligações.
Um dos alvos da investigação
é Felipe Geremias dos Santos, o
Felipe Alemão, apontado pela
polícia como "sintonia" (espécie de gerente) do PCC para o
ABC paulista e um dos aliados
de Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, atualmente preso na
Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau (620 km de SP).
Pela casa noturna de Moema,
Santos teria oferecido R$ 2 milhões. O estabelecimento de Pinheiros fica na rua Cardeal Arcoverde e é muito freqüentado
por jovens universitários.
O dinheiro para a compra das
duas casas noturnas seria proveniente da rede de postos que
Santos ajuda a administrar ao
lado de Gildásio Siqueira Santos, outro aliado de Cuba que
será indiciado hoje.
Santos é visto dentro da polícia como o novo padrão de
"executivo" do PCC: tem boa
aparência, está sempre bem
vestido, circula em carros importados e freqüenta bares e
casas noturnas como as que
tentou comprar para a facção
criminosa recentemente.
Além dos vários postos de
combustível e das revendas de
carros, a polícia também suspeita que uma loja de celulares
de Mauá, a Brasil Cell, tenha sido utilizada durante meses para habilitar aparelhos que eram
usados por integrantes do PCC,
principalmente os que estão
nas prisões paulistas.
A Brasil Cell, assim como
grande parte dos postos de
combustível investigados, pertence a Santos e opera em nome de laranjas.
Um dos suspeitos de integrar
a rede de laranjas do PCC, supostamente aliciados pelo advogado Umberto de Almeida
Oliveira, é o policial civil Fábio
Garcez de Lucca, de Mauá.
Lucca é suspeito de favorecer
o grupo ao ser laranja do esquema do PCC em um posto de gasolina em Santa Isabel (Grande
São Paulo), do qual ele é sócio.
Lucca não foi encontrado ontem para se manifestar.
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