São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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PCC tentou comprar 2 casas noturnas para vender drogas

Os estabelecimentos ficam em bairros de classe média de São Paulo e um deles é freqüentado por universitários

Polícia de Santo André deve indiciar hoje 50 pessoas sob a acusação de atuar no esquema de lavagem de dinheiro para a facção

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

As investigações da polícia de Santo André (ABC) sobre uma quadrilha com base no ABC acusada de utilizar 44 postos de gasolina e revendedoras de carros para lavar dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) apontam que o grupo tentou comprar duas casas noturnas em São Paulo para criar uma distribuição própria de drogas sintéticas, em especial ecstasy.
As duas casas noturnas ficam em bairros badalados de São Paulo -Pinheiros (zona oeste) e Moema (zona sul)- e são freqüentadas por jovens das classes média e alta.
Hoje, o inquérito da Dise (Delegacia de Investigação sobre Entorpecentes) de Santo André sobre a máfia dos postos de combustível e de revendas de carros, com mais de dez volumes e 2.000 páginas, será relatado ao Ministério Público e 50 pessoas serão indiciadas. As investigações começaram em maio, logo após a primeira onda de ataques da facção contra as forças de segurança.
Duas juízas de Mauá (ABC), Maria Eugênia Pires e Ida Inês Del Cid, são investigadas atualmente pela Corregedoria Geral de Justiça de São Paulo porque foram acusadas por um empresário de manter relações próximas com várias pessoas suspeitas de integrar essa rede de lavagem de dinheiro do PCC. As magistradas se recusam a falar sobre as supostas ligações.
Um dos alvos da investigação é Felipe Geremias dos Santos, o Felipe Alemão, apontado pela polícia como "sintonia" (espécie de gerente) do PCC para o ABC paulista e um dos aliados de Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, atualmente preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP).
Pela casa noturna de Moema, Santos teria oferecido R$ 2 milhões. O estabelecimento de Pinheiros fica na rua Cardeal Arcoverde e é muito freqüentado por jovens universitários.
O dinheiro para a compra das duas casas noturnas seria proveniente da rede de postos que Santos ajuda a administrar ao lado de Gildásio Siqueira Santos, outro aliado de Cuba que será indiciado hoje.
Santos é visto dentro da polícia como o novo padrão de "executivo" do PCC: tem boa aparência, está sempre bem vestido, circula em carros importados e freqüenta bares e casas noturnas como as que tentou comprar para a facção criminosa recentemente.
Além dos vários postos de combustível e das revendas de carros, a polícia também suspeita que uma loja de celulares de Mauá, a Brasil Cell, tenha sido utilizada durante meses para habilitar aparelhos que eram usados por integrantes do PCC, principalmente os que estão nas prisões paulistas.
A Brasil Cell, assim como grande parte dos postos de combustível investigados, pertence a Santos e opera em nome de laranjas.
Um dos suspeitos de integrar a rede de laranjas do PCC, supostamente aliciados pelo advogado Umberto de Almeida Oliveira, é o policial civil Fábio Garcez de Lucca, de Mauá.
Lucca é suspeito de favorecer o grupo ao ser laranja do esquema do PCC em um posto de gasolina em Santa Isabel (Grande São Paulo), do qual ele é sócio. Lucca não foi encontrado ontem para se manifestar.


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