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Protesto ofusca festa da Oscar Freire
Grupo com cerca de 20 estudantes reclama do aumento da tarifa de ônibus na inauguração da rua, que foi repaginada
A presidente da associação dos lojistas e diretora da Dior no Brasil, Rosângela Lyra, chegou a bater boca com os manifestantes
Thiago Bernardes/Folha Imagem
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À esquerda, grupo de jovens protesta contra reajuste da tarifa de ônibus em São Paulo; à direita, a rua Oscar Freire, nos Jardins, que passou por revitalização; obras custaram R$ 8,5 milhões
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo com cerca de 20
jovens, protestando contra o
aumento da tarifa de ônibus,
roubou a cena na inauguração
das obras da rua mais chique de
São Paulo, a Oscar Freire. Com
cartazes que lembravam a desigualdade social, eles foram
questionar o prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab (PFL),
sobre os motivos que levaram a
prefeitura a gastar R$ 4,5 milhões na revitalização de uma
única rua da cidade.
Kassab saiu da festa, no começo da tarde de ontem, sem
falar com os manifestantes. Já a
presidente da Associação dos
Lojistas da Oscar Freire, Rosângela Lyra, diretora da Dior
no Brasil, chegou a bater boca
com os jovens. Minutos depois,
ela conversou com alguns deles
mais calmamente.
"É uma falta de respeito esse
pessoal, de tênis Adidas e All
Star nos pés, que custam caro,
vir estragar uma festa que é um
presente para a cidade", dizia.
"Se eles não podem pagar o ônibus, também não podem comprar os tênis. Além disso, faltaram com respeito com nossos
convidados, participantes de
ONGs da periferia que vieram
apresentar seus trabalhos."
Durante todo o dia, espetáculos coordenados por ONGs como Projeto Guri, Arrasta-Lata,
Aprendiz, Jovens Mestres e
Aliança da Misericórdia tomaram conta dos palcos espalhados pelas ruas do entorno.
Os manifestantes, por sua
vez, se disseram incomodados
com o convite distribuído para
a imprensa. "Poeira, marteladas e barulho acabaram. No lugar dos operários, homens e
mulheres bem vestidos e com a
aparência favorecida em todos
os aspectos voltam a circular
pelas calçadas da rua Oscar
Freire", dizia um trecho.
Camila Gomes, uma das manifestantes, questionava se isso
não era preconceito. "O pior é
que gastam dinheiro em uma
rua onde só rico passa e aumentam o ônibus de quem precisa
trabalhar. A gente pega mais de
uma condução por dia e ficou
caro demais. É um abuso."
Assim que os manifestantes
apareceram, o prefeito se retirou rapidamente do local sem
dizer nada. Minutos antes, explicava à imprensa os motivos
do investimento. "Essa obra faz
parte do programa de recuperação de ruas de comércio da cidade e só nos trará benefícios.
Com o aumento das vendas,
milhões de reais serão arrecadados em ICMS e ISS. Tivemos
uma decisão acertada."
Kassab disse, ainda, que em
dois anos a prefeitura pavimentou mais ruas do que nos 20
anos anteriores e que não há
projetos para a revitalização de
novas vias comerciais.
As obras da Oscar Freire, que
deixaram a região com calçadas
mais amplas e uniformes, promoveram o enterramento de
todos os fios e padronizaram o
mobiliário urbano, foram entregues com alguns detalhes
ainda não concluídos, como a
colocação do piso em algumas
esquinas. "Até o fim da semana,
estará tudo feito. É claro que ficará um detalhe ou outro, que
faremos ao longo do tempo.
Mas o mais importante está feito", disse Rosângela.
Um buraco na calçada, próxima à Augusta, mostrado na edição de sábado, ontem já estava
coberto por uma placa.
A revitalização custou R$ 8,5
milhões, sendo que R$ 4,5 milhões foram pagos pela prefeitura, R$ 3 milhões por uma
operadora de cartão de crédito
e R$ 1 milhão pelos lojistas.
A reforma abrangeu cinco
quarteirões, entre as ruas Padre João Manoel e Dr. Melo Alves e o primeiro prazo previa a
conclusão das obras em maio.
Uma série de atrasos acabou
adiando os trabalhos, que envolveram também a remoção
de cem postes.
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