São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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Protesto ofusca festa da Oscar Freire

Grupo com cerca de 20 estudantes reclama do aumento da tarifa de ônibus na inauguração da rua, que foi repaginada

A presidente da associação dos lojistas e diretora da Dior no Brasil, Rosângela Lyra, chegou a bater boca com os manifestantes

Thiago Bernardes/Folha Imagem
À esquerda, grupo de jovens protesta contra reajuste da tarifa de ônibus em São Paulo; à direita, a rua Oscar Freire, nos Jardins, que passou por revitalização; obras custaram R$ 8,5 milhões

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo com cerca de 20 jovens, protestando contra o aumento da tarifa de ônibus, roubou a cena na inauguração das obras da rua mais chique de São Paulo, a Oscar Freire. Com cartazes que lembravam a desigualdade social, eles foram questionar o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), sobre os motivos que levaram a prefeitura a gastar R$ 4,5 milhões na revitalização de uma única rua da cidade.
Kassab saiu da festa, no começo da tarde de ontem, sem falar com os manifestantes. Já a presidente da Associação dos Lojistas da Oscar Freire, Rosângela Lyra, diretora da Dior no Brasil, chegou a bater boca com os jovens. Minutos depois, ela conversou com alguns deles mais calmamente.
"É uma falta de respeito esse pessoal, de tênis Adidas e All Star nos pés, que custam caro, vir estragar uma festa que é um presente para a cidade", dizia. "Se eles não podem pagar o ônibus, também não podem comprar os tênis. Além disso, faltaram com respeito com nossos convidados, participantes de ONGs da periferia que vieram apresentar seus trabalhos."
Durante todo o dia, espetáculos coordenados por ONGs como Projeto Guri, Arrasta-Lata, Aprendiz, Jovens Mestres e Aliança da Misericórdia tomaram conta dos palcos espalhados pelas ruas do entorno.
Os manifestantes, por sua vez, se disseram incomodados com o convite distribuído para a imprensa. "Poeira, marteladas e barulho acabaram. No lugar dos operários, homens e mulheres bem vestidos e com a aparência favorecida em todos os aspectos voltam a circular pelas calçadas da rua Oscar Freire", dizia um trecho.
Camila Gomes, uma das manifestantes, questionava se isso não era preconceito. "O pior é que gastam dinheiro em uma rua onde só rico passa e aumentam o ônibus de quem precisa trabalhar. A gente pega mais de uma condução por dia e ficou caro demais. É um abuso."
Assim que os manifestantes apareceram, o prefeito se retirou rapidamente do local sem dizer nada. Minutos antes, explicava à imprensa os motivos do investimento. "Essa obra faz parte do programa de recuperação de ruas de comércio da cidade e só nos trará benefícios. Com o aumento das vendas, milhões de reais serão arrecadados em ICMS e ISS. Tivemos uma decisão acertada."
Kassab disse, ainda, que em dois anos a prefeitura pavimentou mais ruas do que nos 20 anos anteriores e que não há projetos para a revitalização de novas vias comerciais.
As obras da Oscar Freire, que deixaram a região com calçadas mais amplas e uniformes, promoveram o enterramento de todos os fios e padronizaram o mobiliário urbano, foram entregues com alguns detalhes ainda não concluídos, como a colocação do piso em algumas esquinas. "Até o fim da semana, estará tudo feito. É claro que ficará um detalhe ou outro, que faremos ao longo do tempo. Mas o mais importante está feito", disse Rosângela.
Um buraco na calçada, próxima à Augusta, mostrado na edição de sábado, ontem já estava coberto por uma placa.
A revitalização custou R$ 8,5 milhões, sendo que R$ 4,5 milhões foram pagos pela prefeitura, R$ 3 milhões por uma operadora de cartão de crédito e R$ 1 milhão pelos lojistas.
A reforma abrangeu cinco quarteirões, entre as ruas Padre João Manoel e Dr. Melo Alves e o primeiro prazo previa a conclusão das obras em maio. Uma série de atrasos acabou adiando os trabalhos, que envolveram também a remoção de cem postes.


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