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São Sebastião proíbe fila na balsa de Ilhabela
Para o Ministério Público Estadual, medida é ilegal; órgão enviou notificação para a prefeitura responder em 15 dias
Promotoria diz que proibição não está prevista no Código de Trânsito Brasileiro; multa para os infratores é de R$ 127,69
NATALIA ENGLER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Prefeitura de São Sebastião
proíbe desde a última sexta-feira a formação de filas na balsa
que dá acesso a Ilhabela, no litoral norte de São Paulo.
A multa para infratores é de
R$ 127,69. Ninguém foi multado porque desde a implantação
da nova regra não houve filas.
O Ministério Público Estadual classificou a medida de ilegal -o órgão notificou a prefeitura a prestar explicações e
avalia entrar com uma ação civil pública contra o município.
As placas que informam a
restrição ("Proibida formação
de fila para travessia da balsa")
foram colocadas nas ruas. Por
dia, passam pela balsa, em média, 3.000 veículos -em feriados prolongados, são 10 mil.
O prefeito Juan Manoel Pons
Garcia (PPS) disse que a decisão se justifica porque a fila da
balsa causava um transtorno
"brutal" à cidade. A organização da fila, disse, ficava a cargo
da prefeitura, não da empresa
responsável pela travessia -Internacional Marítima, terceirizada pela Dersa. "Chegou um
momento em que não dá mais
para aceitar essa situação."
A medida foi adotada devido
à proximidade da temporada e
ao aumento do fluxo no centro
histórico após obras de recuperação feitas no último ano. Garcia disse não haver relação com
projeto aprovado pela Câmara
de Ilhabela em 27 de novembro, que autoriza a prefeitura a
limitar a entrada de veículos na
cidade na temporada de verão.
Diferentemente do que
anunciara no fim de novembro,
o prefeito não baixou um decreto para embasar a restrição.
A decisão, disse, foi baseada no
direito do município de legislar
sobre o uso das vias públicas.
O Ministério Público Estadual discorda. Para o promotor
Luiz Fernando Marques Guedes, a medida é ilegal -aplicar
multa por formar filas na balsa
não é algo previsto no Código
de Trânsito Brasileiro. "O município poderia proibir o estacionamento de carros no local,
mas não é o caso: as pessoas estão esperando para atravessar a
balsa. Seria como se a Prefeitura de São Paulo resolvesse multar os carros parados no congestionamento das marginais."
Guedes enviou notificação
em que dá 15 dias para a prefeitura detalhar a medida. Foi a
seção local da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) quem
procurou a Promotoria.
O prefeito de Ilhabela, Manoel Marcos de Jesus Ferreira
(PTB), apesar de discordar da
medida do município vizinho,
diz negociar uma solução para
o impasse. Ele quer convocar
uma reunião entre as prefeituras e a Dersa para determinar
como a fila será organizada.
A Dersa diz não ter posição
sobre o assunto e que considera
a fila uma questão a ser tratada
pelos dois municípios.
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