São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Ex-sargento da PM é preso sob suspeita de mortes em série

Juíza decretou prisão com base em testemunha que diz ter visto crime em agosto

Jairo Francisco Franco era investigado desde 2007 sob suspeita de integrar um grupo de extermínio em Osasco, onde trabalhava

ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O sargento reformado da Polícia Militar de São Paulo Jairo Francisco Franco foi preso ontem depois que a Justiça decretou sua prisão temporária -por 30 dias. De acordo com a Polícia Civil, o ex-PM é investigado sob a suspeita de ser o "maníaco do arco-íris".
Conforme revelou a Folha na segunda-feira, de julho de 2007 a agosto deste ano, 13 homens foram assassinados no parque dos Paturis, em Carapicuíba, perto de Alphaville, na Grande São Paulo.
Os crimes são atribuídos pela polícia ao chamado "maníaco do arco-íris" -uma alusão à bandeira colorida da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Ocorreram dentro do parque que, à noite, é ponto de encontro de homossexuais.
Ao ser preso ontem, Franco trabalhava como segurança em um supermercado de Osasco, cidade vizinha a Carapicuíba.

Testemunha
Para pedir a decretação da prisão do ex-policial militar à Justiça, o delegado Paulo Fernando Fortunato, chefe da Polícia Civil em Carapicuíba, usou como base o depoimento de uma testemunha que afirmou à polícia ter visto quando Franco atirou 12 vezes contra um homem negro -ainda sem identificação-, em agosto.
Essa testemunha disse ter reconhecido o ex-PM, com quem já tinha mantido relações sexuais no local. Disse ainda que Franco costumava usar roupas escuras. A Folha revelou anteontem que outra testemunha, um comerciante que costuma freqüentar o parque, tinha apontado o ex-PM como freqüentador habitual do local.
Os disparos foram feitos com uma arma semi-automática que a polícia acredita ser uma pistola 380. O crime ocorreu na noite de 19 de agosto deste ano.
Nenhuma arma foi apreendida com o ex-PM ontem. Dos outros 12 assassinatos ocorridos no parque, 11 foram cometidos com um revólver calibre 38 e um foi por pauladas.
O delegado Paulo Fernando Fortunato investigava a possível participação do sargento reformado nos crimes do parque dos Paturis desde o dia 18 de outubro, quando a Folha revelou um outro crime em que ele também é considerado suspeito: o assassinato do travesti Pedro João Itavan Peixoto, 27, conhecido como Pamela.
Peixoto foi morto em Osasco. Seu corpo foi achado com um tiro na cabeça. Segundo a Polícia Civil, horas antes do assassinato, o travesti e o ex-PM se registraram juntos num hotel, onde passaram algumas horas.
Franco trabalhou até julho no 14º Batalhão da PM, em Osasco. Era investigado desde 2007 sob a suspeita de ser um dos policiais que agiriam em um grupo de extermínio chamado de Eu Sou a Morte.
A arma usada pelo PM quando ele trabalhava na corporação será rastreada e periciada.
A prisão foi decretada pela juíza Roberta Poppi Neri. Franco foi transferido à noite para o presídio militar Romão Gomes, na capital.


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